domingo, 27 de setembro de 2009

Coisa curiosa : enquanto na proclamada pátria dos Direitos do Homem ninguém se escandaliza com o facto de se prestar pública homenagem aos militantes comunistas, que ajudaram a França -muitas vezes com o sacrifício das próprias vidas- a libertar-se do jugo nazi, em países como o nosso assiste-se ao degradante espectáculo dado por um antigo membro da União Nacional (o partido único de Salazar), hoje presidente da Região Autónoma da Madeira, perorando contra o mais antigo dos partidos portugueses e a reclamar a extinção da única organização política nacional que pode apresentar uma longa lista de mártires da luta contra o fascismo caseiro. Eu, que não pertenço (nem quero pertencer) a nenhum partido, confesso que fico chocado com as facilidades dadas, repetidamente, pelos meios de informação (nomeadamente pela TV) a palermas desbocados como o supracitado. Acho que esse indivíduo, que até tem obra feita no arquipélago de Zarco (reconheço-o, sem o mínimo problema), devia ser mais comedido naquilo que diz e responsabilizado, perante todos os portugueses, pelas asneiras e ofensas que debita, a jorros, quotidianamente.
Para ilustrar aquilo que afirmo no início deste texto, aqui deixo as fotografias de um selo postal e de um navio, que prestam uma inequívoca homenagem à militante comunista Danièle Casanova, natural da cidade de Ajaccio. Intelectual, membro activo da resistência ao ocupante hitleriano desde 1940, Danièle foi presa, em 1942, por colaboracionistas da polícia francesa, que a entregaram à sinistra Gestapo. Esteve detida na prisão de Fresnes, antes de ser enviada para o campo de concentração de Auschwitz, onde consagrou o resto da sua vida a mitigar o sofrimento das suas companheiras de cativeiro. Morreu no dia 10 de Maio de 1943 com o tifo, quando contava 34 anos de idade.

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