quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

INOLVIDÁVEL GRIBOUILLE


Gribouille morreu em Paris, aos 27 anos de idade, na sequência de uma ingestão de álcool e de medicamentos. Natural da cidade de Lyon, sonhou fazer carreira de cançonetista em Paris, onde se instalou com pouco mais de 20 primaveras. Aparentemente sofridas. Ali sobreviveu, durante uns tempos, graças a desenhos a giz que executava nos passeios da capital e a canções -da sua própria autoria- que ela interpretava em cabarés de segunda e terceira importância. Foi uma apresentadora de televisão que lhe descobriu o talento e que, mercê dos seus conhecimentos do mundo e da gente do espectáculo, a apresentou a pessoas influentes. Gribouille ganhou então o estatuto de artista de primeiro plano, passando as suas melodias (muitas vezes amargas e pessimistas) a ouvir-se nas rádios e nos dois canais de televisão da O.R.T.F.. Apresentada a Jean Cocteau -um dos Papas da intelectualidade francesa do tempo- este fez-lhe o retrato e elogiou o seu trabalho. A partir desse momento, o seu reportório enriqueceu-se com obras dos melhores músicos e letristas de França : Breuzard, Dumont, Bourgeois, Debronckart, Chelon, etc. Houve, então, quem a comparasse a Barbara, tanto pela sua maneira de cantar, como de se apresentar em palco.
Eu confesso que, quando era um miúdo de 19/20 anos, me apaixonei pela pessoa de Gribouille e pelas suas canções, cujas letras, repito, tinham algo de amargo e de pessimista, que ‘encaixavam’ perfeitamente na minha maneira de ser nessa época. Até porque eu já era, na minha juventude, um fervente amante de fado, na sua versão mais dramática, mais choradinha.
Ao modo de uma homenagem póstuma, e tardia, a Gribouille (que se chamava, na realidade, Marie-France Gaite), aqui fica a letra da sua canção «Mathias», a minha preferida.

MATHIAS

C’est pas la croix, pas la bannière
De saluer tous les amis
Et de graver sur une pierre
Que les copains s’en restent ici
Vient’en Mathias, il faut rentrer
Cette fois-là c’est la dernière
Arrête Mathias, de tant pleurer
Pour tous les copains morts à la guerre

C’est pas la croix, pas la bannière
Une jolie gosse qui se marie
Et même si l’année dernière
C’était à toi qu’elle disait oui
Viens-t’en Mathias, il faut rentrer
Cette fois-là c’est la dernière
Arrête Mathias, de tant pleurer
Ce n’est qu’un amour qui se perd

Tu parle trop Mathias,
Il faut chanter
Tu nous ennuies Mathias,
Il faut danser
Nous, on s’en fout Mathias,
De ton passé
Et tes chagrins Mathias,
Sont démodés Mathias

C’est pas la croix, pas la bannière
De se sentir le coeur griffé
Par trop d’épines et trop de pierres
Y a de la bière pour se chauffer
Viens-t-en Mathias, il faut rentrer
Cette fois-là c’est la dernière
Arrête Mathias, de tant pleurer
À quoi ça sert d’être sincère

Tu parles trop Mathias,
Il faut chanter
Tu nous ennuies Mathias,
Il faut danser
Nous on s’en fout Mathias,
De ton passé
Encore un verre Mathias,
Et va danser, danser, danser…

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