segunda-feira, 22 de março de 2010

OS FILMES DA MINHA VIDA (12)


«BREVE ENCONTRO»

FICHA TÉCNICA
Título original : «Brief Encounter»
Origem : Grã-Bretanha
Género : Drama
Realização : David Lean
Ano de estreia : 1945
Guião : Noel Coward, David Lean e Anthony Havelock-Allan
Fotografia (p/b) : Robert Krasker
Música : Serguei Rachmaninov
Montagem : Jack Harris
Produção : Noel Coward
Distribuição : Eagle-Lion
Duração : 86 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Celia Johnson ------------------------ Laura Jesson
Trevor Howard ---------------------- Dr. Alec Harvey
Stanley Holloway -------------------- Albert Godby
Joyce Carey ------------------------- Myrtle Bagot
Cyril Raymond ----------------------- Fred Jesson
Everley Gregg ----------------------- Dolly Messiter
Marjorie Mars ---------------------- Mary Norton
Margaret Barton -------------------- Beryl Walters
Wilfred Babbage -------------------- um polícia

SINOPSE
Está-se no Inverno de 1938-1939, numa pequena localidade do sul de Inglaterra. Laura Jesson, uma mulher casada e pertencente à pequena burguesia local, recorda a sua curta, mas apaixonada relação com o Dr. Alec Harvey.
Laura, que, às quintas-feiras, tem por hábito fazer compras na cidade vizinha de Milford, trava fortuitamente conhecimento -na estação ferroviária da terra- com aquele médico, que desempenha funções no hospital da cidade.
Quase imediatamente, cada um deles se sente irresistivelmente atraído pelo outro. E, praticamente sem o notarem, encetam um namoro, que passa, sucessivamente, por momentos de terna cumplicidade e por sobressaltos e por sentimentos de culpa, que os impedem de consumar o adultério. Ambos acabam por chegar à conclusão de que o amor que sentem um pelo outro é de todo sem esperança, já que tanto Alec como Laura são casados e bem inseridos na puritana sociedade local; que não tolera deslizes. E é assim que, de comum acordo, eles decidem romper a ligação, depois de um último momento de intimidade, infelizmente violado pela interferência de uma parladora vizinha.
Talvez para fugir à tentação de voltar a ver Laura, o médico aceita uma oferta de emprego na África do Sul. E a sua platónica amante reinstala-se na vida rotineira de outrora, ocupando-se do lar e do bem-estar do marido; que, confortavelmente instalado numa poltrona, lendo o jornal, se mostra totalmente alheio aos estados de alma de sua esposa, provocados por um breve, mas inesquecível encontro…

O MEU COMENTÁRIO
Galardoado, em 1946, com o Grande Prémio do festival cinematográfico de Cannes e com o Prémio Internacional da Crítica, «Breve Encontro» (um dos primeiros trabalhos de David Lean, enquanto realizador) é hoje, curiosamente, apontado -por certos especialistas da chamada Sétima Arte- como um exemplo acabado do cinema neo-realista inglês.
Eu não sei, na minha santa ignorância, se a famosa escola italiana alguma vez se exportou para as ilhas britânicas, mas a verdade é que o neo-realismo talvez tenha influenciado Lean, já que a atmosfera de certas fitas transalpinas do imediato pós-guerra parece pairar sobre esta sua excelente película. Película que, com muita subtileza, com muito tacto, nos relata a história do amor platónico vivido e sofrido por Laura e Alec, dois membros da preconteituosa pequena burguesia ‘british’ de finais dos anos 30 do século passado. Enfim, eu deixo isso (de saber se este filme pertence ou não à corrente neo-realista) para discussão dos críticos de cinema e dos outros peritos na matéria…
A verdade é que «Breve Encontro» sensibilizou –e muito- o público da época (da sua estreia), tanto no Reino Unido como no estrangeiro, o que garantiu a este filme um notável e inesperado êxito de bilheteira. O sucesso desta emblemática obra de David Lean prolongou-se no tempo, facto que acabou por fazer desta fita um dos grandes clássicos do cinema intimista europeu.
Não é possível falar de «Breve Encontro» sem realçar o magnífico trabalho de interpretação de Célia Johnson e de Trevor Howard, actores que dão protagonismo (com muita inteligência e com muito pudor) ao par romântico deste filme. Como também não seria justo esquecer o nome de Robert Krasker, director de fotografia, que nos ofereceu imagens belíssimas; nem, tampouco, a música de Rachmaninov, cujo 2º Concerto para Piano –aqui executado na perfeição pela National Symphony Orchestra- preenche a banda sonora da película em apreço.
Refiro ainda, e para terminar, que «Breve Encontro» é a adaptação fílmica da peça teatral «Still Life», da autoria de Noel Coward. Dramaturgo que aparece, igualmente, no genérico desta película como co-autor do guião e como responsável pela produção da fita.

(M.M.S.)


Celia Johnson, que aqui nos apresenta um magnífico desempenho do papel de Laura


Trevor Howard é o frustrado Dr. Alec Harvey nesta bela fita de David Lean



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