sexta-feira, 2 de abril de 2010

OS FILMES DA MINHA VIDA (12)


«EMBOSCADA NA SOMBRA»

FICHA TÉCNICA
Título original : «The Stalking Moon»
Origem : E.U.A.
Género : Western/Drama
Realização : Robert Mulligan
Ano de estreia : 1969
Guião : Alvin Sargent
Fotografia (c) : Charles Lang
Música : Fred Karlin
Montagem : Aaron Stell
Produção : Alan Pakula/National General Pictures
Distribuição : Warner Bros.
Duração : 109 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Gregory Peck ------------------------- Sam Varner
Eva Marie Saint ---------------------- Sarah Carver
Robert Forster ----------------------- Nick Tana
Frank Silvera ------------------------- o oficial de cavalaria
Noland Clay --------------------------- o filho de Sarah
Russell Thorson ----------------------- Ned
Sandy Wyeth ------------------------- Rachel
Nathaniel Narcisco ------------------- Salvaje

SINOPSE
Território do Arizona, ano de 1881. Durante a sua última missão ao serviço do exército dos Estados Unidos, o batedor Sam Varner ajuda a capturar um grupo de Apaches insubmissos e a encaminhá-los para uma reserva. Entre eles encontra-se uma cativa branca de nome Sarah Carver e o seu filho, um menino mestiço.
Acedendo ao insistente pedido da ex-prisioneira dos pele-vermelhas, Varner acompanha-a (mái-lo filho) a uma estação de passagem da diligência. Mas, durante uma breve ausência de Sam, de Sarah e do petiz, a estação é atacada e destruída por guerreiros Apaches chefiados pelo implacável Salvaje.
Verificando que a mulher e o gaiato que se colocaram sob a sua protecção não têm para onde ir, Sam Varner decide, com o seu assentimento, levá-los para o Novo México, onde ele possui um rancho e quer dedicar-se –agora que está aposentado- à criação de gado. Sarah confessa-lhe, então, que o seu menino é também o filho de Salvaje.
Já instalado na sua propriedade, Sam recebe a visita do seu amigo Nick Tana, um mestiço, que o avisa de de um ataque eminente do sanguinário pai da criança. Com efeito, Salvaje não tarda em manifestar a sua presença na região, cometendo uma série de crimes hediondos contra os pacíficos vizinhos de Varner.
Sam prepara-se para enfrentar o temível combatente Apache. Mas Salvaje é um guerreiro ardiloso, um lutador fantástico, que sabe aproveitar-se de todas as características do terreno em que se movimenta para cair sobre o inimigo, no momento em que este menos o espera. Nessas circunstâncias e perante o terror dos seus protegidos, Sam Varner é gravemente ferido pelo seu temível rival; mas acaba por levar a melhor na sua luta contra essa criatura sanguinária que é Salvage e por garantir (finalmente !) a segurança e a paz tão desejada por Sarah e pelo seu filho.

O MEU COMENTÁRIO
Esta obra do apreciado realizador Robert Mulligan ocupa um lugar singular no universo do cinema western. «Emboscada na Sombra» é, com efeito, uma inesperada história de terror imaginada para o quadro majestoso do Oeste americano pelo romancista Theodore V. Olsen e muito bem adaptada (para o ecrã) pelo guionista Alvin Sargent.
Neste filme discrepante, a angústia do espectador passa sucessivamente e gradualmente da preocupação do mal que possa acontecer às personagens mais frágeis da fita, ao assombro; e evolui deste sentimento até ao pavor mais aflitivo, a partir do momento em que se manifesta (já no final do filme) a fugidia presença do impiedoso Salvaje. «É necessário possuir nervos de aço para poder suportar tal suspense», escreveu-se na conceituada revista «Life», aquando da estreia mundial deste western angustiante e único.
Apesar destas suas duras características, «Emboscada na Sombra» encerra, ainda, uma história romântica, embora também ela seja portadora de trauma. : a do amor que, pouco a pouco, se vai insinuando nas tímidas relações estabelecidas entre Sam e Sarah e que nenhum deles consegue exprimir por palavras. Esse terno sentimento que floresce entre um homem duro e solitário e uma pobre mulher que sofrera as agruras do cativeiro e o estigma de uma união imposta pela selvajaria do seu captor, é aqui inteligente e subtilmente sugerido por Mulligan. O que levou François Guérif a falar (nas páginas da extinta «Western Revue») de «ligações invisíveis do coração» e a referir que «poucos filmes souberam dizer tão pouco e sugerir tanto».
Nesta fita, Gregory Peck desempenha de maneira notável mais uma personagem interessante na sua galeria pessoal de figuras do Oeste selvagem. Figura que tem a força e a veracidade daquelas que ele encarnra noutros tempos e noutras películas; como a de Lewt McCanles (em «Duelo ao Sol»), Jimmy Ringo (em «O Pistoleiro Romântico»), James McKay (em «Da Terra Nascem os Homens»), etc. Quanto a Eva Marie Saint –actriz que já havia brilhado nalgumas obras interessantes das filmografias de Elia Kazan e de Alfred Hitchcock- diga-se que ela fez, nesta fita, a sua primeira e única experiência de heroína de western. A comovente personagem de Sarah Carver permanecerá, no entanto, na memória de todos os cinéfilos.
Note-se, por outro lado e para finalizar, que o produtor de «Emboscada na Sombra» é o senhor Alan Pakula, que, em 1978, realizaria, ele próprio, «Comes a Horseman», um belíssimo western moderno.

(M.M.S.)


Robert Mulligan (1925-2008), o realizador de «Emboscada na Sombra»


As 3 figuras principais do filme, encarnadas por Noland Clay, Eva Marie Saint e Gregory Peck


Sam Varner (Peck), de carabina em riste, numa atitude expectante...


Salvaje (Nathaniel Narcisco) bate-se com Sam Varner numa luta que só pode terminar com o desaparecimento físico de um dos dois rivais


Capa do DVD (contendo cópia do filme) editado em Espanha. Nele são oferecidas várias opções linguísticas, mas o nosso idioma está ausente...

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