terça-feira, 14 de setembro de 2010

«FADO EXCURSIONISTA»


Anda depressa, ó elvirinha
já chegou a camioneta
pega na cesta e vem azinha
vamos é pôr-nos na alheta.

o pão-de-ló não dispenso
nem o arroz de cabidela
não há quem faça um farnel tão bom
não há mulher como ela
vem passear, elvirinha vem
tens um lugar à janela.

portugal que eu desconheço
em permanente excursão
no caminho em que tropeço
é qu’eu meço a solidão.

solidão de andar parado, ai!
sou um motor em viagem
será que vem? será que vai?
é só questão de embraiagem!

anda elvirinha, anda meu bem
segura na melancia
se não te importas traz-me também
o arroz doce da tia.

não te esqueças da mantinha
nem do banco desdobrável
traz, elvirinha, traz a sombrinha
que o campo é descapotável
ai elvirinha, traz a sombrinha
que o tempo está variável

portugal que eu desconheço
em permanente excursão
no caminho em que tropeço
é qu’eu meço a solidão.

solidão de andar parado, ai!
sou um motor em viagem
será que vem? será que vai?
é só questão de embraiagem!

anda elvirinha p’ra camioneta
já vejo a nossa comadre
e mais a outra da roupa preta
que é irmã do senhor padre.

temos bela companhia
que excursão tão porreirinha...
mas o que é isto? a tua tia
não me disseste que vinha.
se for com ela estraga-se o dia
volta p’ra casa, elvirinha
não ”vou à bola” com a tua tia
volta p’ra casa, elvirinha
ficas em casa, elvirinha
ficas comigo, elvirinha
vamos p’ra casa, elvirinha
ai que domingo, elvirinha

Esta é a bonita e escorreita letra do «Fado Excursionista», atribuída a José Carlos Ary dos Santos e a José Mário Branco. Carlos do Carmo cantou-a com o sucesso que se conhece, com uma música de Zeca Afonso. É uma das canções popularizadas pelo filho de Lucília que eu prefiro. Tem graça e evoca uma situação que eu conheci, que a gente da minha geração conheceu...

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