quinta-feira, 18 de julho de 2013

NA MORTE DE HENRI ALLEG

///////// Henri Alleg faleceu ontem, dia 17 de Junho, em Paris, com 92 anos incompletos. Militante do Partido Comunista Argelino, director do jornal «Alger Républicain» e correspondente do «Humanité» no norte de África, Henri Alleg foi uma das primeiras pessoas a denunciar os excessos (passe o eufemismo) cometidos pelo exército francês na Argélia, aquando da guerra de independência desse país. Perseguido pelas suas ideias e pelos seus escritos, obrigado a viver na clandestinidade, Alleg foi preso em 1957 pelas tropas paraquedistas do general Massu e barbaramente torturado. Encarcerado numa prisão militar, Henri Alleg escreveu ali «A Questão», livro cujo manuscrito ele conseguiu preservar e transmitir ao seu advogado. Nesse livro, Alleg contou as sevícias a que foi submetido pela autoridade militar e outras recordações do cativeiro. Apesar da sua difusão clandestina, esta obra de Alleg teve tiragens que totalizaram 150 000 exemplares ! Considerado 'persona non grata' na Argélia, após o golpe militar do coronel Houari Boumédiène, este lutador (que os políticos reaccionários e militares franceses tentaram denegrir) regressou a França, onde se instalou. Foi membro do chamado 'Pôle de Renaissance Communiste' e, em 1998, incompatibilizou-se com o P.C.F., que ele acusou de «deriva social-democrata e de abandono da sua autenticidade comunista». Aqui presto homenagem à coragem e ao valor de um ser superior. De um homem que, independentemente das ideias e do ideal que professou, merece ser recordado por todos os defensores da Liberdade...

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