quarta-feira, 31 de julho de 2013

REVER «SANGAREE»... E DESILUDIR-SE

Inspirado num dos populares romances de Frank G. Slaughter, o filme de aventuras «Sangaree» -uma produção dos estúdios Paramount Pictures- foi estreado em 1953. Precisamente quando eu completei 8 anitos de idade. É muito provável, no entanto, que eu só o tenha visto uns 4 ou 5 anos mais tarde, por causa da famigerada censura salazarenta, que impedia os miúdos com idades inferiores aos 12/13 anos de desfrutar plenamente do espectáculo cinematográfico. Vi, pois, «Sangaree» -uma película que, hoje, nada diz a quem quer que seja- num período de grande fome de cinema, fenómeno que podia transformar uma fita banalíssima como esta, num espectáculo grandioso e difícil de esquecer. Acontece, porém, que dela apenas conservei -durante longos anos- uma vaga recordação visual e os nomes do par formado por Fernando Lamas (um famoso galã daqueles tempos) e pela bonita Patrícia Medina, que também foi um dos ícones da Hollywood da época. Nada mais ! Tudo o resto se desvanecera da minha memória, da minha 'caixa dos pirolitos', que, entretanto, envelheceu de meio século. Ontem, no decorrer de uma das minhas frequentes idas a Espanha, encontrei uma cópia DVD do filme em questão. E, como o preço era convidativo (pouco mais de 10 euros), não hesitei em adquiri-la, com a firme intenção de reviver velhas emoções com esta fita, que foi realizada por um certo Edward Ludwig. Fita que, digo já e antes de mais, me desiludiu bastante. A primeira das trivialidades da película tem a ver com a história contada, que me pareceu -agora- de uma ingenuidade suprema; e a segunda decorre do facto das imagens não terem beneficiado de uma mais que necessária remasterização. A acção decorre, em finais do século XVIII, no Sul dos Estados Unidos, em tempos de grande agitação política e de grande instabilidade social. Um rico proprietário de terras lega, antes de morrer, a gerência dos seus bens ao filho de uns seus antigos serviçais; moço que, apesar de formado em medicina, é socialmente descriminado devido às suas modestas origens. E é marginalizado sobretudo por Nancy Darby (encarnada por Arlene Dahl, outra celebridade do tempo), a intransigente filha legítima do falecido. Enfim, apesar do exotismo, das cenas de acção (algumas delas verdadeiramente espectaculares) e do esperado 'happy end', a verdade é que esta obra me desiludiu imenso. Do que tenho pena, já que vivi a sua visualização como se vê o desmoronamento de um bom momento da minha prima juventude. Assim vai o mundo...

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