sexta-feira, 13 de setembro de 2013

«MANON DE SOURCES» (1952)

///////// Vi, pela primeira vez na vida, o filme em epígrafe -«Manon des Sources» (1952)- há uns 40 anos, num dos dois canais da O.R.T.F., a TV estatal francesa. E dele guardei uma recordação imperecível. Matei saudades desta extraordinária fita de Marcel Pagnol esta semana. Quando me foi dada a (inesperada) oportunidade de a rever, no 'You Tube'. E, passado todo esse tempo, fiquei deslumbrado, rindo-me e emocionando-me com os apartes e os dramas vividos pelas gentes retratadas neste filme, cujo guião se inspirou num dos romances («L'Eau des Collines») escritos pelo próprio realizador. Que, lembro, foi membro da prestigiosa Academia Francesa de Escritores. A acção desta película desenrola-se numa aldeia pendurada nas agrestes montanhas da Provença, onde os habitantes vão mantendo o seu singular modo de vida, graças à existência de uma fonte de cristalinas e abundantes águas. Mas, por detrás das águas dessa benéfica fonte, dissimula-se-se uma história atroz, que provocou a morte prematura de Jean de Florette, o marreco, destruindo a família de Manon des Sources, uma bonita e selvagem cabreira, que nunca se conformou com o facto dos seus terem sido vergonhosamente despojada e expulsa da sua propriedade de Romarins. A hora da vingança soará anos depois, na sequência de um drama que todos, em Bastides Blanches, cobriram com o manto de uma indiferença envergonhada e cúmplice... Este filme, que tem a duração excepcional de 3 h 20, foi dividido em duas partes : «Manon des Sources» e «Ugolin»; que se veem com tanto interesse, com tamanha sofreguidão, que não nos apercebemos da marcha do tempo. Desta obra-prima do cinema gaulês (de muito melhor qualidade emocional, mas não só, do que o 'remake' colorido que dela se fez em 1986) recordo-me, com particular gozo, de cenas como a do divertido jogo do 'poil', como a do improvisado tribunal que vai julgar Manon por esta ter assestado uma vibrante paulada num dos seus suspirantes, como a da declaração de amor de Ugolin ou como a do impagável e inesquecível sermão do cura local, interpelando a população da aldeia. Sim, «Manon des Sources», na sua versão de 1952, é realmente uma obra cinematográfica notável. Que, infelizmente, muito pouca gente pode ver e rever quando lhe apetece, visto a única edição videográfica que se lhe conhece (gravada sobre suporte DVD) custar a abusiva quantia de 59 euros ! O que é, simplesmente, lamentável... Nessas circunstâncias, terei de recorrer mais vezes à Internet. A não ser, que a milagrosa cópia que ainda por lá circula acabe por ser retirada. O que, naturalmente, não me surpreenderia. Mais umas linhas para manifestar a minha incondicional admiração aos maravilhosos actores (já todos eles falecidos) que deram corpo e voz a esta preciosidade. Cito os nomes de Jacqueline Pagnol (mulher de Marcel, no papel de Manon), de Raymond Pellegrin (no do professor), de Rellys (no de Ugolin), de Robert Vattier (no do senhor Belloiseau), de Henri Poupon (no de Papet), de Henri Vilbert (no do cura), de Fernand Sardou (no de Philoxène), de René Sarvil (no do 'gendarme'), de Henri Arius (no de Claidius), de André Bervil (no de Anatole).

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