terça-feira, 29 de outubro de 2013

COCORICÓ !!! O 'MILAGRE ECONÓMICO PORTUGUÊS' ESTÁ AÍ !

Será que o prodígio me escapou por, confessadamente, eu não gostar das pessoas que nos desgovernam, ou o ministro da Economia Pires de Lima veio para a imprensa mangar com os Portugueses ? Com uma dívida externa astronómica e que não se atenua, com mais de 1 milhão de desempregados, com 1/3 da população nacional a viver abaixo do limiar da pobreza, com a fiscalidade a crescer escandalosamente e muito para lá do que é suportável, com a emigração de dezenas de milhar de cidadãos (sobretudo jovens com formação académica), por já não acreditarem no futuro do país, com a degradação progressiva dos sistemas de educação e de saúde à vista de todos, vem agora esta 'sumidade' do CDS falar de milagre económico ! Isto só pode ser gozo, da parte de quem ainda pensa que o povo deste país é lorpa e continua a acreditar  no estafado discurso dos profissionais da aldrabice política. Senhores do governo, tenham juízo e aceitem um conselho : larguem o tacho !!! Já provocaram demasiados estragos nesta nação que me (que nos) é cara. E cuja gente, cada dia que passa, vos abomina mais e mais.

'CABACILLAS RELLENAS'

Adoro este prato de realização simples e muito barato; o que, em tempo de crise, não é de todo negligenciável. Se bem me lembro, comi-o, pela primeira vez, num restaurante das ilhas Baleares, há mais de 25 anos. E, desde então, cozinho-o com alguma regularidade, já que as 'Cabacillas Rellenas' se podem preparar com produtos fáceis de encontrar. Mesmo em aldeias tão pequeninas quanto a minha. Para preparar as 'cabacillas rellenas' basta ter à mão umas curgetes, carne picada, chouriço e os ingredientes para fazer um refogado tradicional : azeite, cebola, picante (facultativo), alho. Depois dos ingredientes começarem a aloirar no respectivo tacho, deite-se para o dito a carne picada, o chouriço cortado aos pedacinhos e o miolo das courgetes, previamente retirado desse legume. Depois de refogarem, podem-se colocar as metades das 'cabacillas' (que previamente se reservaram) já recheadas no forno, cobertas (ou não) com queijo ralado. Este delicioso prato pode-se preparar, também, com beringelas. É apenas uma questão de gosto.

RECORDAÇÕES (8)

Acossado pela PIDE (que foi a minha casa, para me prender, em Fevereiro de 1965), procurei em França aquele ar de liberdade que o salazarismo sempre negou aos Portugueses. Por lá continuei a militar, durante uns anos, numa organização de resistentes exilados, que, ao tempo, estava sedeada em Argel; capital de uma nação que conquistara, recentemente, a sua  independência, após muitos anos de luta sangrenta contra a potência colonial. Que, paradoxalmente, era a França, para onde muitos perseguidos fugiam para viver sem entraves e para dispor de condições de vida decentes. Lembro-me de ter participado (enquanto membro da antena local dessa organização multipartidária) na Festa de 'l'Avenir', organizada nos arrabaldes de Rouen, por um grande partido da esquerda francesa; que, hoje, perdeu a projecção e a importância que tinha nos idos de 70. Para além de ser um evento (anual) de promoção do partido político em causa -onde eram debatidas as grandes linhas do momento- essa festa era também um grande acontecimento cultural, com exposições, com conferências, com venda de livros, com concertos (de algumas grandes vedetas da canção francesa, entre outras), etc, etc. Já não me lembro em que ano se passou aquilo que aqui vou narrar. Sei, no entanto, que foi depois do 25 de Abril. Talvez em 1975 ou 1976... Recordo-me que, na tarde de certo dia dessa festa (que se desenrolava durante um fim-de-semana), apareceu no nosso 'stand' um dos responsáveis pela organização da dita para me convidar, a mim e a outros compatriotas, a participar num 'cocktail' oferecido em honra de uma personalidade ilustre. Que fora convidada (à última hora) para participar no evento. E lá fui eu mái-los meus companheiros, beber um copo à saúde da distinta dama (tratava-se de uma senhora), que era, calculem os leitores deste blogue, Valentina Tereskova, o primeiro cosmonauta do sexo feminino a viajar no espaço sideral. Lembro que a senhora em questão (que, ao tempo, era coronel da aviação militar soviética) era uma bela mulher e que vestia, com elegância, um vistoso 'tailleur' azul. O que é curioso, visto eu ser alguém que nunca presta atenção a esse tipo de detalhes. Tive a ocasião de falar, brevemente, com Valentina Terechkova e de trocar com ela (tenho testemunhas disso) algumas palavras em língua portuguesa. É que a ilustre cosmonauta estava de passagem por França (a caminho da URSS), em proveniência do nosso país; onde ela passara uns dias a convite de uma organização de mulheres portuguesas ligada ao P.C.P.. Presumo, pois, que tenha aprendido algumas frases de circunstância, aquando dessa sua viagem a território luso. Outra coisa que recordo é de ver a bela Valentina rodeada de funcionários soviéticos, que serviam, simultaneamente, de intérpretes, de guarda-costas e que condicionavam os seus movimentos e palavras. O que, então, até me pareceu normal, visto a importância e a agenda dessa excepcional embaixadora da União Soviética. Já agora quero lembrar que Valentina Terechkova (que nasceu em 1937) ganhou fama com a viagem espacial que efectuou -a bordo de uma cápsula colocada em órbita pelo foguetão Vostok VI- entre 16 e 19 de Junho de 1963, durante a qual ela realizou 48 revoluções completas do planeta Terra.

ESTÃO A CHEGAR AS TANGERINAS !

Estão a aparecer -nos nossos mercados- as primeiras tangerinas. São de proveniência estrangeira e, pelo facto de não terem sido colhidas em tempo próprio, não têm a qualidades dos frutos nacionais. Que, eles, serão colhidos lá mais para o fim do ano, na época certa, e que, por isso, serão mais sumarentos, mais perfumados e mais doces. Em suma, melhores. As tangerinas são excelentes fontes de vitamina C (como todos os outros citrinos) e de fibras, sendo, por consequência, muito bons para a saúde. Daí que se recomende, sem reservas, o seu consumo. Vamos a elas ! Tenho três tangerineiras no meu modesto pomar (de 40 árvores, sem contar as oliveiras), mas a maturação dos seus frutos não vai ocorrer antes de 30/40 dias...

AINDA A PROPÓSITO DA ESPIONAGEM TELEFÓNICA

As queixas de dirigentes europeus contra a espionagem de que são alvos por parte dos serviços secretos norte-americanos prosseguem. Agora através das queixas formuladas por Angela Merkel e pelo governo do 'señor' Rajoy. No que respeita as autoridades nacionais, nada a assinalar. Parece que eles, os ianques  (mas não só eles), sabem tudo -por outra via- sobre os conciliábulos mais confidenciais da coligação CDS/PSD... A imagem anexada é esclarecedora.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O F. C. PORTO REFORÇA A SUA LIDERANÇA

/////////// As esperanças dos sportinguistas de verem aceder o seu clube ao lugar de topo da 1ª liga do futebol  luso, caíram ontem por terra, no estádio do Dragão, onde a equipa de Alvalade foi vencida por 3-1. O F. C. Porto fez ali a demonstração cabal de que continua a merecer liderar um campeonato, no qual os 'tripeiros' não têm rivais à altura. E tudo o resto é conversa. Sou simpatizante do Benfica, mas reconheço que, pelo andar da carruagem (ou, se quiserdes, face à mediocridade das exibições dos encarnados), as 'Águias' ainda têm (oxalá me engane) de percorrer um longo e espinhoso caminho até conquistarem um título digno do seu glorioso passado... (Imagem do jornal «Record»). Ainda a propósito do jogo de futebol entre o F.C.P. e o S.C.P., quero dizer quanto abomino o triste comportamento de alguns membros das respectivas claques, que, ontem e mais uma vez, protagonizaram cenas de pancadaria inadmissíveis, indignas de gente civilizada. É nestas ocasiões (e só nestas) que eu me regozijo com a reacção da polícia e com as bastonadas que ela aplica nos prevaricadores. Que degradam a imagem do futebol e que afastam famílias inteiras dos recintos desportivos.

UMA CITAÇÃO DE PAULO COELHO

Escreveu o notável (e sensato) prosador brasileiro : «Não queira ser bravo, quando basta ser inteligente».

NO PAÍS ONDE GUIAR (AUTOMÓVEIS) É CRIME

É sabido que a Arábia Saudita é uma das nações mais retrógradas do mundo. Nesse país do Próximo Oriente ainda vigoram leis feudais, que levam à execução em praça pública (por decapitação com sabre) os condenados à morte... Ontem, agentes da autoridade prenderam, nesse potentado petrolífero -aliado privilegiado dos E.U.A. naquela região do globo- 15 mulheres; que foram apanhadas (oh, crime horrível !) a conduzir automóveis. Será que a abundância de 'ouro negro' por debaixo dos areais da Arábia dará aos descendentes do rei Abdul Aziz o direito -em pleno século XXI- de maltratar as suas próprias mulheres ? É que, muitas vezes, em complemento das vexantes penas de prisão aplicadas por actos de rebeldia desta natureza, as mulheres sauditas ainda são submetidas a castigos, que compreendem chibatadas e outras torturas físicas e morais. Na Arábia Saudita, a política de sujeição feminil é tal, que conduz a situações caricatas. Estou a lembrar-me, por exemplo, da recente expulsão do país -pela Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício- de um certo Omar Borkan Al Gala (que eu penso ser cidadão dos Emirados Árabes Unidos), acusado dos 'crimes' seguintes :  «ser demasiado bonito» e «ser irresistível para as mulheres». Isto é verdade ! Coisas destas não se inventam. A não ser que se tenha a mentalidade caturra (perdoai o eufemismo) de um saudita, forjada por anos e anos de ódio a tudo o que é estranho aos ancestrais, mas ultrapassados, costumes locais. É tempo para que o reino saudita -um dos países onde as mulheres são amortalhadas em vida com burcas e vestimentas similares- respeite os seres humanos que vivem à sombra da sua bandeira. Sobretudo os mais vulneráveis de entre eles; que são as mulheres, como já referi, mas também os 6 milhões e 400 mil emigrantes instalados no país e que ali executam as tarefas mais duras e insalubres (em troca de salários miseráveis) que os locais não aceitam fazer; mesmo a troco de muito dinheiro. E, neste caso, não se trata de punir 'infiéis', porque a esmagadora maioria dos estrangeiros que vivem na Arábia Saudita professa a religião muçulmana.

sábado, 26 de outubro de 2013

ADIÓS MANOLO !

Muitos milhares de pessoas despediram-se, ontem, em Espanha, de Manolo Escobar, 'el rey de la copla'. Que faleceu em Benidorm, cidade onde residia, em consequência de doença prolongada e incurável. Manolo Escobar, que era natural de uma aldeia da província de Almeria (Las Norias de Daza) e que tinha 82 anos de idade, deixou atrás dele uma das mais extraordinárias carreiras de 'cantante' que Espanha conheceu. Muito querido no seu país e fora dele, Escobar foi o feliz intérprete de grandes sucessos da canção espanhola de sabor popular, tais como «Desde Tierra Extranjera», «Embrujo de España», «Yo Soy Un Hombre del Campo», «El Porompompero», «Mi Carro», «Bajo Mi Cielo Andaluz», «Y Viva España», entre muitos outros. Escobar também participou em várias películas (sobretudo de carácter musical), que não tiveram, no entanto, o êxito dos seus discos. Que ele vendeu aos milhões ! A sua morte passou, infelizmente, quase despercebida no nosso país, o que é a perfeita demonstração de quão distantes estamos (culturalmente, mas não só) dos espanhóis, que moram paredes meias connosco. Adiós Manolo !

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A MAIOR DESGRAÇA...

/////////// «A maior desgraça de um país pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos».

(dixit Mia Couto, escritor moçambicano). /////// Digo eu que, tão grave quanto isso, é o facto de nos países ricos se produzirem pobres. Aos milhões ! Para que os milionários desses países sejam ainda mais ricos.

O MORGADO DE SETÚBAL

Esta sugestiva tela -intitulada «Rapaz matando um cordeiro»- é da autoria de um artista (autodidacta) pouco conhecido dos portugueses : José António Benedito Soares de Faria e Barros, consagrado com o título de Morgado de Setúbal. Este exímio e prolífico pintor (nascido em Mafra no ano de 1752 e falecido em Setúbal a 9 de Fevereiro de 1809) tem o essencial das suas obras integradas nas colecções do Museu Carlos Machado, de Ponta Delgada (24 telas), e do Museu de Évora (15 telas). Onde as ditas estão, naturalmente, expostas à admiração do público.

«O CAPITAL», FILME DE COSTA-GAVRAS

Ontem comprei (e visionei) o DVD da película «O Capital», realizado (em 2012) por Costa-Gavras, conhecido cineasta francês de origem grega. Especializado no cinema político, Costa-Gaveas foi o realizador de filmes-choque inesquecíveis como «Z» (1969), «A Confissão» (1970), «Estado de Sítio» (1972) ou como «Missing - Desaparecido» (1982). Com «O Capital», este realizador (que conta 80 anos de idade) regressa ao seu cinema preferido, denunciando, desta vez, os perigos a que nos sujeita o capitalismo selvagem e desenfreado, através da história de um ambicioso executivo, que é colocado à frente de um dos maiores bancos do mundo. «O Capital» é um retrato, sem concessões, das administrações dos grandes grupos financeiros, que não hesitam sobrepor-se às leis e a todas as considerações éticas para 'fazer' dinheiro. «O Capital» revela, igualmente, como se chega à crise que hoje conhecemos na Europa, e que acontece (pelo menos em parte) quando o poder financeiro se sobrepõe ao poder político. Subjugando-o, para que se  cumpra o proclamado objectivo do presidente do banco Phénix : «Continuaremos a roubar os pobres para dar aos ricos». Não tenho o mínimo receio de afirmar que «O Capital» é um filme de visionamento obrigatório. Com os actores Gad Elmaleh (excelente no papel principal), Gabriel Byrne, Bernard Le Coq, Natacha Régnier, Hippolyte Girardot, Céline Sallette, Liya Kebede, etc. Premiada mundialmente, nomeadamente pelo Toronto International Film Festival, esta película de produção francesa tem uma duração e 114 minutos e já está disponível em DVD pelo módico preço de 12 euros.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

CUIDADO COM A ARMADILHA DO CONSUMISMO COMPULSIVO

//////////// O consumismo compulsivo e exacerbado é um fenómeno recorrente das sociedades ocidentais ou ocidentalizadas. Sociedades onde os vendedores de supermercados (mas não só eles) aprendem técnicas que nos induzem a comprar artigos que, na realidade, são perfeitamente dispensáveis. E que não concorrem, minimamente, para nos proporcionar mais conforto e mais felicidade. Embora eu não seja, de todo, um exemplo a seguir, a verdade é que já há muito tempo compreendi as tácticas dos grandes centros comerciais, onde se entra para comprar 1/2 kg de bifes, 4 papossecos e uma escova de dentes e de onde se sai com o carrinho a transbordar de coisas prescindíveis. Eu conheço gente (inclusivamente na minha família e no meu círculo de amigos) que ainda não compreendeu muito bem o jogo em questão e que mergulham de cabeça, passe o termo, nessas verdadeiras armadilhas. Que afectam gravemente o seu orçamento mensal e que, muitas vezes, até comprometem o presente e o futuro financeiro das suas famílias. Conheço gente que, graças ao crédito fácil (agora muito mais difícil de obter junto das entidades bancárias), se endividou quase para o resto da vida. Com a aquisição de casas de 'standing' elevado, a troca frequente de automóveis, as férias passadas em recantos exóticos, etc, etc. O resultado desse esbanjamento (que não foi de todos, é certo) é aquele a que hoje assistimos em Portugal e noutros países do continente europeu e nas Américas, onde esse padrão de vida nos foi imposto por aqueles que, de um momento para o outro, nos mergulharam nesta maldita crise. Que está aí para durar, não tenho dúvidas. Nós vivemos agora num tempo em que trabalhar -esse direito consignado pelas constituições de todas as democracias- é quase um privilégio, um luxo. Por isso, e enquanto não se acertam as contas com os exploradores que inventaram a crise, para acumular rios de dinheiro à custa da desgraça de muitos milhões de seres humanos, há que ter muito cuidado com os parcos tostões que nos restam. Recusando por o pé na ratoeira do consumismo coersivo. Tal como o recomendam todas as associações de defesa dos consumidores, eu já consigo -antes de entrar numa grande superfície comercial- fazer a lista dos artigos que necessito comprar e sair dali com aquilo que dela consta. Nem mais, nem menos. Defenda-se, faça o mesmo. Vai ver que não custa nada e que sairá a ganhar neste jogo.

O OLHO DE WASHINGTON

Edward Snowden, o ex-espião da NSA (ou da CIA, já não me lembro bem) tinha razão. Os Estados Unidos da América -que sempre pretenderam ser os campeões da democracia e os paladinos da liberdade- espiam toda a gente. Inclusivamente os seus próprios amigos e aliados. A França e a Espanha acabam de denunciar (depois do Brasil e de outros países) esse estado de coisas, que afinal é geral e atinge todas as nações do globo. E falava-se, outrora, do famoso 'olho de Moscovo'... Que hipocrisia !

ATITUDE E GARRA

Vi (na televisão) o 'match' que o F. C. Porto disputou, ontem à noite, com o Zenith de São Petersburgo. E gostei da atitude dos nortenhos, que, com 10 jogadores (devido à prematura expulsão de Herrera, aos 6 minutos de jogo), fez corajosamente frente ao seu temível adversário, dominando-o durante toda a primeira parte do desafio. Mas, a desvantagem numérica acaba sempre (ou quase sempre) por causar desgastes físicos na equipa desfalcada e por levá-la à derrota, mercê da pressão imposta por um adversário decidido e pressionante. Foi o que aconteceu ontem no Estádio do Dragão. Onde o F. C. Porto se inclinou -com honra- nos derradeiros minutos do despique. Quem me dera ver hoje ao Benfica a mesma atitude e a mesma garra no seu jogo contra a equipa grega do Olympiakos...

terça-feira, 22 de outubro de 2013

UMA CITAÇÃO DE GANDHI

////////// «O único tirano que aceito neste mundo é a voz interior, suave e serena».

PARAFRASEANDO BERTOLD BRECHT

/////// Primeiro levaram os subsídios
aos funcionários públicos;
mas não me importei com isso,
trabalho no sector privado.

De seguida acabaram com o serviço de saúde;
não me importei com isso,
tenho um seguro privado.

Depois tiraram as bolsas de estudo;
mas não me importei com isso,
os meus filhos estudam num colégio particular.

Depois levaram os salários
aos trabalhadores do privado;
mas como sou profissional liberal,
também não me importei.

Agora destruíram toda a economia
e fiquei sem trabalho;
mas já é tarde,
como não me importei com ninguém,
ninguém se importa comigo.

Desconheço o nome do autor desta adaptação portuguesa do famoso poema de Brecht. Adaptação que faz todo o sentido nos dias que correm e que ajudará, talvez (é bom acreditar nestas coisas...), a lutar contra a estranha indiferença com a qual a generalidade dos Portugueses lida com os roubos impostos pelos gestores da (nossa) crise. Despertai !!!

O FIAT G-212 E A TRAGÉDIA DE SUPERGA

Sempre me interessei pela evolução dos meios de transporte; fossem eles terrestres, marítimos ou aéreos. Razão pela qual escrevo aqui, com uma certa frequência, umas 'coisitas' sobre aviões, navios, etc. Hoje, sem razões especiais para o fazer, só porque sim, apetece-me evocar uma aeronave italiana, que deixou o seu nome -Fiat G.212- ligado a um dos maiores dramas da História do Futebol : a chamada Tragédia de Superga, um 'crash' que dizimou a equipa do Torino, lendária formação transalpina que chegou a ser, na segunda década dos anos 40 (do século XX), o principal esteio da selecção italiana da modalidade. O projecto do G.212 foi elaborado durante o segundo conflito mundial pelo engenheiro Giuseppe Gabrielli; mas, devido a contingências ligadas a esse conturbado período da História da Europa, esta aeronave de transporte civil só foi realizada em 1947, ano em que realizou o seu voo inaugural. O Fiat G.212 era um trimotor de asa baixa, capaz de receber a bordo, segundo as versões, entre 26 e 39 passageiros; para além, naturalmente, dos seus 5 tripulantes. O G.212 descolava um peso máximo de 18 000 kg e apresentava as seguintes dimensões : 23,40 m de comprimento por 29,34 m de envergadura. Os seus mais recentes modelos estavam equipados com 3 propulsores Pratt & Whitney R.1830, cuja potência unitária era de 1 065 cv. A sua velocidade máxima era de 375 km/h, a sua autonomia de 2 500 km e o seu tecto operacional situava-se nos 7 500 m. Desconheço o número de exemplares construídos; sei, no entanto, que alguns deles foram exportados para o Egipto, para França, para o Koweit e para a América do sul. O principal utilizador italiano deste aparelho foi a companhia Avio Linee Italiane (ALI), que chegou a contar, na sua frota, 9 destes aviões comerciais. No que respeita o G.212 que protagonizou o triste acontecimento de Superga, convém dizer que era um avião novinho em folha, saído das fábricas Fiat em 1949. Foi fretado para transportar uma embaixada daquele que era, então, o mais prestigiado 'team' de futebol de Turim e de Itália; que, a convite do Benfica, foi a Lisboa disputar (a 3 de Maio de 1949) um jogo amigável de futebol, em homenagem ao seu ilustre jogador (e capitão) Francisco Ferreira. O jogo do Benfica contra o Torino foi disputado no estádio do Jamor, perante uma multidão calculada em 40 000 pessoas, que não quis perder a oportunidade de ver jogar os tetraacampeões de Itália. O desafio terminou com o resultado de 4-3, favorável aos encarnados. De regresso a Itália e já depois de ter efectuado uma escala técnica em Barcelona, o Fiat G.212 perdeu-se no denso nevoeiro que envolvia os céus do norte de Itália e foi despedaçar-se contra um dos flancos da basílica de Superga, provocando a morte instantânea de todos aqueles que nele viajavam. O drama ocorreu no dia 4 de Maio e vitimou 31 pessoas : 1 passageiro estranho ao clube e à tripulação, os 4 tripulantes da aeronave, 3 jornalistas, 5 funcionários do clube (dirigentes e treinadores) e 18 jogadores, entre os quais figurava o lendário Valentino Mazzola. 10 dos atletas titulares do clube, que pereceram no acidente, eram também titulares da selecção italiana de futebol. Esta tragédia deu lugar a muitas manifestações de pesar, não só em Portugal e na Itália, mas também no mundo inteiro, onde o futebol era (e é) considerado o desporto-rei. O funeral das vítimas do G.212 de Superga foi seguido por meio milhão de pessoas. Apesar da perda da sua equipa principal, o Torino ainda se sagrou, nesse ano de 1949, campeão de Itália. Pela quinta vez consecutiva. Isso aconteceu em circunstâncias tão extraordinárias que, um destes dias, eu também as evocarei neste blogue. Fica prometido !

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS



IDENTIDADE
 
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
 
(Mia Couto, prosador e poeta moçambicano, galardoado com o Prémio Camões em 2013)

domingo, 20 de outubro de 2013

RECORDAÇÕES (7)


Durante os mais de 40 anos que passei em França nunca quis (como o fizeram inúmeros compatriotas ali exilados ou emigrados) restringir as minhas relações e amizades à comunidade lusa. Por muitas e diversas razões, que não são para aqui chamadas. Mas é verdade que havia coisas que eu partilhava mais facilmente com os nossos compatriotas do que com os amigos franceses (e de outras nacionalidades) que por lá arranjei. Assim, por exemplo, não me acudia ao espírito, de modo algum, combinar comer uma bacalhoada à boa maneira da nossa terra com gente estranha a um ritual, onde impera o 'fiel amigo', que não é peixe para grandes intimidades com gente que se aflige com a visão de uma banal espinha e que se agonia com o azeite puro de oliva, que ela considera como um unto exótico. Mas, o bacalhau que se comia por essas bandas da chuvosa Normandia era um prato onde sempre faltava um ingrediente que o deixava incompleto. Faltavam sempre aqueles grelos de couve ou de nabo, que se casam tão bem com as batatas cozidas, com o ovo cozido e com o senhor dos mares boreais. Não havia nada a fazer para encontrar esse atributo que completava e dignificava o verdadeiro bacalhau com todos. Até que um dia, o nosso bom amigo José Júlio, um ribatejano de Tomar, descobriu, nuns campos agrícolas, situados entre as cidades do Havre (onde ele então trabalhava) e de Rouen (onde residíamos), milhões desses espigos, que ele presumiu imediatamente serem de nabos. A partir desse momento, nunca mais faltaram grelos nas bacalhoadas comidas com as famílias, na intimidade dos nossos lares, ou nas almoçaradas de fim-de-semana, nas quais participava uma alargada roda de amigos. Todos achávamos que essas verduras -cujo fornecimento continuava a ser assegurado pelo José Júlio- eram excelentes. Até que um dia (há sempre um dia) descobrimos que andávamos a comer, deleitados, rebentos... de colza. Houve alguém que alvitrou (já não sei quem) que aquilo até podia ser cancerígeno e, na dúvida, recomeçámos a comer o tradicional gadídeo com batatas, cenouras, mas sem os grelos da praxe. Nota final : se os grelos de colza provocam ou não doenças malignas não sei dizer. O que posso garantir é que, daqueles que participaram nesses festins, ainda ninguém morreu.

ÁGUA DE VALÊNCIA

A Água de Valência é um dos 'cocktails' mais apreciados pelos espanhóis e pelos milhões de turistas estrangeiros que, anualmente, visitam o admirável país de Dom Quixote. Originária da região mediterrânica, a Água de Valência é composta por ingredientes vários, onde predominam o sumo de laranja e o 'cava', conhecido espumante nacional. As receitas desta bebida diferem muito entre si. Por conseguinte, aquela que aqui vos deixo é apenas uma entre muitas outras. Cá vai :

6 copos de sumo de laranja (natural, de preferência);
1/2 copo de gim;
1/2 copo de rum branco;
1/2 copo de 'Cointreau' (ou similar);
1/2 garrafa de 'Cava' (ou outro espumante de qualidade);
6 colheres de açúcar (facultativo. E dispensável se o sumo de laranja for suficientemente doce);
Rodelas de citrinos para decorar os copos;
Gelo em abundância.

Esta bebida convivial é -como todas as que contêm álcool- para beber com moderação; à laia de aperitivo, acompanhada com tapas simples. Bom proveito !

sábado, 19 de outubro de 2013

O QUE NOS RESTARÁ NOS BOLSOS

Depois de esmagados, como referem os jornais (imagem superior), pela incompetente e impiedosa política do 'governo' Portas/Passos Coelho, que já fez regredir Portugal e o seu povo para níveis de pobreza terceiro-mundistas, temo que aquilo que nos ficará nos bolsos serão mesmo notas como aquela que aqui apresentamos na imagem inferior : as notas de SEM euros. Por isso, apoio a manifestação de descontentamento que a central sindical CGTP organiza -na ponte 25 de Abril- neste dia 19 de Outubro de 2013. Espero que a dita manifestação exprima bem o que nós todos ressentimos perante os indignos objectivos que a coligação CDS/PSD persegue : empobrecer os Portugueses, esbulhando-os do fruto de muitos e muitos anos de trabalho e de sacrifícios.

DOS NAVIOS E DA SUA HISTÓRIA


Nesta vistosa colecção de selos -emitida, há já uns bons anos, pela administração postal das ilhas Falkland- figuram alguns dos mais conhecidos veleiros construídos na segunda metade do século XIX ou no início da centúria seguinte. Alguns deles tornaram-se famosos por terem protagonizados episódios, por vezes trágicos, da História marítima. Como, por exemplo, o «Pamir», navio-escola da marinha mercante alemã, que naufragou em 21 de Setembro de 1957 ao largo dos Açores, arrastando para a morte 80 das 86 pessoas que se encontravam a bordo. Outros destes veleiros tiveram um destino menos funesto. Praticamente todos eles têm uma ficha que os descreve -tanto do ponto de vista técnico como histórico- no meu outro blogue ALERNAVIOS. Que todos os amantes das coisas do mar e dos navios estão convidados a visitar. (Com um simples clique do rato sobre a imagem, pode ampliá-la e observar mais detalhadamente os navios nela representados).

UM DESERTO IMENSO...

///////// Tudo quanto penso
Tudo quanto sou
É um deserto imenso
Onde nem eu estou

*Fernando Pessoa*

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

MOU, POR QUÉ NO TE CALLAS ?

Segundo reportagem do correspondente da SIC em Londres, José Mourinho atacou violentamente os espanhóis, acusando-os (generalizando) de sentirem um ódio profundo, visceral pelos portugueses. Um exagero, naturalmente, que, vindo de quem vem, não me merece o mínimo crédito. Até porque eu vou -com frequência- ao país que connosco partilha a península Ibérica e nunca lá fui desrespeitado e/ou maltratado. O treinador Mourinho deveria entender que vive num mundo (o do futebol), de paixões exacerbadas. E que não pode tomar 'pour argent comptant' (como diriam os franceses) as ofensas que as exaltadas e desmioladas claques do futebol proferem. Sejam elas espanholas, portuguesas ou de outras nacionalidades. Porque se assim fosse, e tomando em consideração o exemplo caseiro, eu amanhã não poderia ir ao Porto e os tripeiros teriam muita dificuldade em sobreviver numa visita que fizessem à capital da República. Infelizmente, o futebol-espectáculo (dominado pelo deus dinheiro) tem-se tornado um factor de divisões e de ódios de estimação, alimentado, muitas vezes, por pessoas que deveriam ter juízo; mas esses sentimentos exacerbados só transbordam para fora dos estádios, quando são protagonizados por energúmenos com uma caganita no lugar do cérebro. Por gente que só vive para a bola e para a adoração doentia dos respectivos ídolos. Eu acho, com toda a simpatia que a pessoa me merece, que aquele a quem chamam o «melhor treinador do mundo» deveria ponderar (como nós todos)as suas palavras antes de as proferir; porque há palavras mais perigosas do que as balas. Felizmente que vivemos na Europa, continente onde as pessoas (mesmo aquelas que gostam do chamado desporto-rei e é o meu caso) já não se deixam levar por 'estados de alma' desta natureza. Venham eles do treinador do Chelsea ou de alguém de outro.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

ESCRAVATURA MODERNA

Segundo dados, agora publicados pela organização Walk Free (uma ONG sedeada na Austrália), o Mundo conta ainda (para vergonha nossa) 30 milhões de escravos ! O maior número desses indivíduos privados de quaisquer direitos encontram-se na Índia, país que totaliza 14 milhões de seres humanos a viverem nessa triste condição. O conceito moderno de escravatura já nada tem a ver, naturalmente, com aquele que vigorava em séculos passados. Hoje, considera-se escrava toda a pessoa que é constrangida, muitas vezes pela violência, a executar tarefas que ela não quer e pelas quais não recebe remuneração ou a quem é dado um mínimo para sobreviver. Esta chaga dos tempos modernos atinge, sobretudo, a Ásia e a África, continentes onde foram recenseados, segundo Nick Gromo, director-geral da Walk Free, a grande maioria dos casos de escravatura. Em termos percentuais, a campeã da escravatura é a Mauritânia, que terá 160 000 escravos numa população de apenas 3,8 milhões. Mais grave : neste país islâmico da região saariana «encontram-se ainda escravos hereditários (...) e há crianças que nascem escravas». Leis que proíbem a existência deste estado de coisas existem em todos os países. O problema é que, manifestamente, não há vontade política para as aplicar, nem tribunais para castigar os prevaricadores. Embora certas regiões do globo, tais como a América do norte, a Austrália e a Europa ocidental, sejam pouco afectadas por este flagelo, a verdade é que também elas não estão imunes à ignomínia da escravatura. Mesmo nos países menos tocados, como é o caso da Islândia, da Irlanda e do Reino Unido, a Walk Free detectou 4 400 casos de escravatura moderna. Quanto à península Ibérica, não tenho os dados desta ONG, que é apoiada por inúmeras figuras mundiais de grande prestígio, tais como Hilary Clinton ou Bill Gates. Mas recordo (todos recordam) casos relatados nos jornais, que denunciavam o tráfico de concidadãos nossos para Espanha, onde eram submetidos a regimes de trabalho forçado, por vezes, não remunerado e com a apreensão de papéis de identidade pelos patrões. Situações que se enquadram, perfeitamente, no quadro da escravatura moderna. Resta-nos esperar que esta denúncia pública por parte da Walk Free constitua mais um passo em frente na luta contra esta escandalosa prática, contra o direito, para o ser humano, de viver livre !

SÍMBOLO

Segunda Guerra Mundial : após a conquista -pelas tropas norte-americanas- de uma das muitas ilhas do Pacífico ocupadas pelos nipónicos, este avião de caça Mitsubishi A6M 'Reisen' (o famoso Zero da aeronaval nipónica) foi abandonado no local onde funcionou a sua base. Quando esta foto foi tirada, os despojos desta aeronave já eram o símbolo da derrota de Hiro Hito e do consequente triunfo de toda uma nação, que tirou do desastre de Pearl Harbour (ocorrido a 7 de Dezembro de 1941) o ânimo e a força para alcançar uma vitória incontestável sobre o Japão imperialista. (Amplie a imagem com um simples clique do rato).

«A GUERRA DOS TRONOS» : UMA FABULOSA SÉRIE TELEVISIVA

Terminei, ontem, o visionamento do décimo e  último episódio, da primeira temporada, de «A Guerra dos Tronos». Que a rede de televisão HBO em boa hora produziu, baseando-se na nos livros da saga «A Game of Thrones» da autoria de George R. R. Martin. Esta história é uma fantasia, que nos transporta para uma época indefinida (com afinidades com a alta Idade Média europeia) e para uma terra também ela não identificável. «A Guerra dos Tronos» é uma séria extremamente bem feita -com acção, intriga, traições, erotismo, drama- que cria muitas expectativas no que respeita a tudo aquilo que está para vir. Os actores são profissionais de grande valia, que, muito francamente, me impressionaram pela positiva. Só é pena que, para se aceder à segunda temporada e às que se lhe seguirão, sejamos obrigados a esperar longos, longos meses...

A POBREZA NÃO É UMA FATALIDADE, MAS O EFEITO DE UMA MÁ POLÍTICA

O presidente da Cáritas Portuguesa declarou hoje à SIC que, no nosso país, há cada vez mais pessoas em situação de «pobreza extrema»; porque lhes foi retirada a sua principal fonte de rendimento : o trabalho. Como diz o cartaz (aqui reproduzido) de um manifestante anónimo : «não deixe que a pobreza se transforme em paisagem».

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

MARC-AURÈLE FORTIN, PINTOR CANADIANO

Estas duas belíssimas telas, executadas na primeira metade do século XX pelo pintor canadiano Marc-Aurèle Fortin, intitulam-se «Vieille Maison à Lachine» e «La Croix du Chemin». Se repararem no estilo, compreenderão porque razão é que Fortin foi apodado «o Van Gogh do Quebeque». Este artista foi muito prolífico, visto serem-lhe atribuídas mais de 8 000 obras picturais. Sobretudo paisagens; que hoje valem o seu peso em ouro e são disputadas pelos grandes museus internacionais e por ricos colecionadores de arte do mundo inteiro. Marc-Aurèle Fortin nasceu em 1888 e faleceu em 1970. Morreu pobre, num lar para idosos, cuja estadia ele não podia pagar; e cujas despesas foram assumidas por um dos seus admiradores.

RECORDAÇÕES (6)

Ainda me recordo, como se fosse ontem, do Grande Salão Recreio do Povo, tal como a imagem o documenta. Esta sala de espectáculos era, quando eu tinha os meus 14/15 anitos, a maior da cidade de Setúbal. Só a conheci enquanto sala de cinema. Um desses lugares que eu frequentava com uma certa assiduidade, já que ver filmes era -nos anos 50 do passado século- a par da leitura, o meu passatempo preferido. Apesar de ter frequentado bastas vezes este 'salão', já não tenho, confesso, uma noção exacta de como era a sua arquitectura interior, nem me recordo, tampouco, de ali ter visto algum filme verdadeiramente importante. Mas, curiosamente, lembro-me do derradeiro a que assisti no Grande Salão -situado mais ou menos a meio da bonita avenida Luísa Todi, do lado do Sado- apesar da película em questão, um colorido filme de aventuras africanas, se ter revelado uma chachada intragável. Intitulava-se, a dita fita, «Os Mistérios da Tribo Massai», da qual nem na Internet encontro traços. Enfim, recordações à volta de uma velha fotografia, que ainda por cá ficará a amarelecer por muito tempo, depois do escriba de serviço já ter passado à história. À história com 'h' pequeno, obviamente. Aquela que só deixa recordações, de curta duração, a familiares e amigos próximos. Mas, confesso que isso não me preocupa minimamente. Porque nunca aspirei ganhar a eternidade.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A CRUZADA CONTRA OS POBRES AMPLIFICA-SE

Segue em frente a cruzada desencadeada pelo (des)governo Portas/Passos contra os Portugueses mais desfavorecidos e mais frágeis. Até quando ? -Resposta : até quando o nosso povo deixar. Há que reagir, pronta e sistematicamente, aos ataques cegos dessa gente (será que são gente ?) aderindo, em massa, às manifestações (todas elas) de desagrado, que se vão organizando por todo o país contra esta singular maneira de espezinhar o povo e de poupar os fautores da crise. Há que inventar novas formas (civilizadas) de luta, que contribuam para correr rapidamente com esta cambada de incompetentes 'salvadores da Pátria', que nos querem convencer de que, sem eles, não há redenção possível. Senão, continuaremos a ser cilindrados pela política cega -inspirada pela troika- que está a tornar esta nação num país de miseráveis e cada vez mais dependente de forças externas. Os nossos sistemas públicos de educação, de segurança, de saúde nunca estiveram tão debilitados e tão em risco de desaparecer. No que respeita a saúde e referindo-se ao próximo Orçamento de Estado, o próprio ministro de tutela, Paulo Macedo, acusa os seus colegas das finanças de não fazerem «contas sérias», tal como refere a imprensa de hoje. Ora, se entre os membros do (des)governo há quem não acredite 'nisto', como iremos nós dar crédito a um grupelho de tachistas interesseiros e vaidosos, que continua agarrado ao poder, apesar do descontentamento generalizado; descontentamento manifestado aquando das últimas eleições, mas não só. É tarefa urgente mandar estes senhoritos tratar de vida noutro lugar, longe do poder político. Porque não são povo, porque não governam no interesse do povo.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

EUSÉBIO

//////////// Havia nele a máxima tensão,
Como um clássico ordenava a própria força,
Sabia a contenção e era explosão.

Não era só instinto, era ciência,
Magia e teoria já só prática,
Havia nele a arte e a inteligência.
Do puro e sua matemática.

Buscava o golo mais que golo - só palavra
Abstracção, ponto no espaço, teorema
Despido do supérfluo, rematava
E então não era golo - era poema.

(Manuel Alegre, o poeta que gosta de futebol)

O ELEGANTE VOO DOS MS-760

Repare-se na beleza destas máquinas -dois birreactores Morane-Saulnier MS-760- em pleno exercício acrobático. Estes jactos são de concepção antiga, pois o primeiro dos seus protótipos fez o voo inaugural no dia 29 de Julho de 1954. Rival infeliz do também muito elegante Fouga 'Magister', num concurso destinado a equipar as unidades de treino da força aérea francesa, o MS-760 ainda viu reconhecidas as suas capacidades, visto a 'Armée de l'Air', o exército e a Aeronaval gauleses terem adquirido 50 quadrilugares deste tipo, para a execução de missões de ligação.  No total, foram construídos 165 exemplares do MS-760, aparelho que estava equipado com 2 motores Turbomeca 'Marboré II' (também de fabrico francês), que lhe autorizavam um tecto operacional de 10 000 metros e que lhe proporcionavam uma velocidade máxima de 650 km/hora. As versões armadas deste avião (que chegou a ser vendido às forças aéreas do Brasil e da Argentina) tinham capacidades para transportar metralhadoras, foguetes e bombas. A fotografia aqui anexada mostra dois aparelhos de uma patrulha acrobática civil. (Amplie a imagem com um clique do rato).

A PROPÓSITO DE «O MORDOMO».

Ontem à noite enchi-me de coragem e fui ao cinema. Para ver «O Mordomo», o badalado filme de Lee Daniels, com música de fundo do compositor português Rodrigo Leão e com a participação de uma plêiade de actores (todos muito bons)  à cabeça da qual brilham Forest Whitaker e Oprah Winfrey. E digo que me enchi de coragem, porque tinha passado praticamente todo o fim-de-semana em Évora, no casamento de uns primitos -a Guida e o Tiago- a quem desejo, novamente, muitas felicidades para enfrentar, de frente, com amor  e com coragem, esta vida tão cheia de escolhos. Mas, voltando ao filme, quero dizer que gostei. «O  Mordomo» («The Butler») é decididamente um filme corajoso, que reflecte muitos anos de luta apre pela emancipação dos negros norte-americamos. Todos eles vividos através do olhar (aparentemente neutral) de um criado da Casa Branca. Gostei, porque este filme veio lembrar-me, a mim e aos homens e mulheres da minha idade, os tempos de brasa (de início da década de 60, sobretudo) em que os afro-americanos (mas não só) se organizaram -no seio de movimentos académicos e/ou cívicos- para dizerem basta ! a todos aqueles (governantes incluídos) que ainda os espezinhavam; como se Lincoln e a sua lei de emancipação dos escravos nunca tivessem existido. «O Mordomo» é, realmente, um excelente filme que, deste modesto blogue, eu recomendo vivamente e com prazer a todos aqueles que gostam de cinema e de História contemporânea. E aos outros também. Só lamento é que, para ir ao cinema (coisa tão banal noutros tempos e noutros lugares), tenha sido obrigado a percorrer 35 longos quilómetros do meu domicílio até à sala de exibição do filme. E outros tantos, evidentemente, para voltar a casa. Já agora refiro que esta fita foi projectada no confortável Cine-Teatro de Ponte de Sor. Onde este género de espectáculo custa (por pessoa adulta) a modesta soma de 2,50 euros. 'Pourvu que ça dure», como dizem os Franceses !