quinta-feira, 8 de maio de 2014

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (5)


Esta fotografia (de autor que eu, infelizmente, não conheço) mostra a fragata «D. Fernando II e Glória» no dia em que ardeu no mar da Palha. Nesse ano de 1963, um violênto e inextinguível incêndio declarou-se a bordo da 'última nau da Índia', e consumiu o histório navio até dele somente restar uma carcaça triste e calcinada. Eu, que nessa altura andava pelos 18 anos de idade, assisti (ao vivo) à agonia desse veleiro, que, naquele tempo, funcionava como uma espécie de casa de correcção para rapazes difíceis. Tive lá um amigo, o 'Feudas', que se gabava de lá ter fugido umas três vezes. A nado... Mas, para voltar ao desastre de 1963, quero dizer que vi o navio arder do planalto da Quinta da Lomba (bairro periférico do Barreiro), onde eu então residia. O dito bairro (do lado da barraca do 'ti' João das Rolas), sobranceiro à praia da Copacabana, tinha uma vista panorâmica sobre o rio Coina e sobre o estuário do Tejo. Com uma Lisboa ao alcance da vista, que, à noite, aparecia explendorosamente iluminada, como se de gigantesco presépio se tratasse. Os restos deste navio, construído em meados do século XIX, num estaleiro de Damão, estiveram durante muito tempo abandonados numa prais da margem sul, próxima do Alfeite. Onde eu os vi, muitas vezes, aquando das minhas frequentes viagens fluviais entre o Barreiro e a capital. Muitos anos mais tarde, o navio foi inteiramente reconstruído (no arsenal do Alfeite e em Aveiro) e serviu de atracção na Expo 98. Hoje, esta fragata tem funções museológicas e o estatuto de Unidade Auxiliar da Marinha. Encontra-se na dependência do Museu de Marinha.

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