domingo, 31 de agosto de 2014

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (15)

Esta fotografia aérea (de autor cuja identidade eu desconheço) foi tirada no já longínquo ano de 1930 e mostra as instalações fabris da CUF do Barreiro e o porto privativo dessa empresa, hoje extinta. Fundada em 1865 (em Lisboa) por Alfredo da Silva, esta firma, que acabaria por tornar-se -algumas décadas mais tarde- no mais importante e diversificado grupo industrial da península Ibérica, trouxe, à então vila da margem sul do Tejo (onde a CUF instalou as suas primeiras fábricas no decorrer da primeira década do século XX), grande incremento e muita gente da província (Alentejo, Algarve, Beiras e Norte); que, longe do campo e das jornadas de sol a sol, ali procurava uma vida mais digna e mais desafogada. A vida dos trabalhadores da CUF nem sempre foi um mar de rosas. Longe disso... Mas, graças à obra social desenvolvida pelo fundador e herdeiros do referido império industrial, foi muito melhor do que a existência proporcionada aos seus empregados por quaisquer outras empresas a laborar no nosso país. De longe ! E eu falo com conhecimento e causa, porque vivi no Barreiro muitos anos, o meu pai e outros familiares foram empregados da CUF e eu próprio trabalhei (quando era jovem) numa das fábricas do grupo durante 26 meses. É também verdade que havia ali algumas restrições à liberdade de dizer e de agir, mas também é certo que, no tempo da ditadura, esses atropelos aos direitos cívicos (e outros) de cada um, se estendiam a todo o país e não somente ao espaço CUF. Eu tive, confesso sem a mínima ponta de hesitação ou de vergonha, um certo orgulho em ter pertencido a uma empresa, que oferecia aos seus colaboradores tudo o que havia de melhor em matéria de serviços sociais e de realização do indivíduo : creches, escolas, colónias de férias, unidades de formação profissional, centros de saúde e hospitais, cultura, desporto, etc, etc. Isto, num Portugal atrasado, retrógrado, pobre e avesso à promoção dos seus filhos, enquanto pessoas. Por tudo isto, considero este cliché digno de ser comentado e integrado nesta secção que eu intitulei 'Fotografias com História'.

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