domingo, 7 de setembro de 2014

O INÍCIO DA EXPANSÃO

Contrariamente ao que muita gente pensa, a expansão marítima dos Portugueses começou muitos anos antes de ter nascido o ilustre Infante D. Henrique (1394) e do sucesso militar da conquista de Ceuta (1415). Com efeito, podemos situar esse nosso primeiro encontro com o oceano desconhecido e com as 'ilhas por achar' no reinado de D. Afonso IV; soberano da dinastia de Borgonha e filho primogénito do excelso casal formado por el-rei D. Dinis (o verdadeiro fundador da marinha portuguesa) e por D. Isabel de Aragão. Frequentado desde tempos imemoriais por marinheiros mediterrânicos (mas não só), o arquipélago das Canárias começou a figurar nos mapas com alguma precisão, depois das viagens efectuadas (nos anos 30 do século XIV) por um certo Lanzarotto Molocello (navegador genovês) e (em 1402) pelo normando Jean de Bettencourt. Mas existem também provas tangíveis sobre a visita a essas ilhas -e por essa época- dos mareantes do supracitado rei de Portugal. Uma delas é uma carta enviada ao papa Clemente VI por D. Afonso IV, na qual este informa que navegadores lusos visitaram algumas das Canárias antes de 1336. Outra, é a participação de gente lusa na expedição organizada, em 1341, por Corbizzi e Reccho, da qual temos notícia por um texto atribuído a Bocaccio. Existem outros documentos desse tempo (1370-1376) transcritos numa carta de D. João I, que referem a nossa presença nas Canárias e até a atribuição da ilha de Gomera ao navegador português Lançarote de França. Enfim, a questão das Canárias animou as chancelarias durante anos e anos e, também durante muito tempo, alimentou a polémica sobre a sua soberania. Mas isso é outra história. O que é importante saber é que, já na primeira metade do século XIV, os nossos navegadores se aventuravam mar adentro em busca de novas terras para a coroa de Portugal. E que foi, igualmente, nessa época distante, que se iniciou uma aventura que veio beneficiar os príncipes e mercadores das centúrias seguintes.

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