sábado, 15 de novembro de 2014

O FERREIRO

Este painel de azulejos é da autoria de Luís Cruz Guerreiro, um artista alhosvedrense com obra feita e considerada. Para o comprovar, basta fazer uma visita ao seu atelier, onde ele expõe e vende parte da sua produção. A obra aqui mostrada intitula-se «O Ferreiro» e é uma homenagem do supracitado a esse artesão, hoje em vias de extinção, que é um misto de artista e de fabricante de coisas úteis. O meu pai (falecido há 6 anos) foi ferreiro na sua juventude. Natural de uma aldeia do Alentejo profundo, ele exerceu ali a sua nobre profissão, fabricando toda a espécie de objectos necessários ao trabalho rural executado pelos seus conterrâneos : machados para os tiradores de cortiça, enxadas e sachos para os hortelãos, foices para as ceifeiras, etc. E até artefactos mais complicados como, por exemplo, as noras, esses engenhos hidráulicos de origem árabe, que acabaram por ser substituídos -no decorrer do século passado- pelos motores e bombas de sucção, eléctricos ou a gasolina. Já não conheci o meu progenitor a exercer esse mester. Porque o meu pai -como tanta gente originária das aldeias de Portugal, onde a vida era rude e o trabalho pouco compensador- decidiu instalar-se nos finais dos anos 40 (era eu ainda uma criança de tenra idade) numa importante vila da chamada cintura industrial de Lisboa. Onde eu passei parte da minha meninice e toda a minha adolescência. É, pois e também, ao ferreiro que foi meu pai, que aqui deixo esta homenagem; que se estende, naturalmente, à generalidade dos filhos de Vulcano.

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