sábado, 31 de janeiro de 2015

NÃO TAP OS OLHOS

É já hoje, dia 31 de Janeiro, que -pelas 15 horas- terá lugar no aeroporto de Lisboa, uma concentração de pessoas que exigem que a TAP-Air Portugal permaneça uma companhia nacional. E que não seja vendida ao desbarato -como tantas outras empresas estratégicas deste país- ao capital estrangeiro. A manifestação em questão foi promovida e convocada pelo cineasta António Pedro Vasconcelos e está aberta a todos os Portugueses (mas não só) que se oponham a mais este acto de pura selvajaria do nosso (des)governo contra os interesses e o prestígio da nação portuguesa. Mais de uma centena de celebridades aderiram já a este movimento contestatário, que considera a venda da TAP como mais um acto de 'privataria'.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

À PORTA DO E.P.E.

Confesso que estou impressionado com o facto do Estabelecimento Prisional de Évora estar a concorrer seriamente com o Templo de Diana e com a Capela dos Ossos, enquanto ponto de interesse turístico da capital do Alentejo. E que me impressionam certas cenas que, quase diariamente, vão ocorrendo à entrada do supracitado presídio. Cenas que me impressionam, já o disse, e que, por vezes, até me ofuscam. Como aquela protagonizada por excursionistas vindos da Covilhã, que, aqui há dias, tiveram a infeliz ideia de  entoar «Grândola Vila Morena» em louvor do detido número 44. Espero que o Zeca (que nunca se aproveitou da política para encher os bolsos) não se erga da tumba onde repousa, indignado com tamanha afronta. Isto dito, quero que se saiba que eu não estou aqui a fazer o processo antecipado do antigo governante, até porque isso é, reconheço, da competência exclusiva dos tribunais. Mas que a minha opinião está feita em relação à honra de um homem que em meia dúzia de anos conseguiu amealhar 25 milhões de euros (fora o resto), lá isso é que está. Estou naturalmente a falar daqueles milhões que ele sempre jurou, a pés juntos, não serem seus, mas que pertenciam a um generoso amigo. Até ontem, quando passou a admitir que a massa era mesmo dele. Para terminar, quero comentar uma frase do visado, que tem enchido as páginas dos jornais e servido de assunto aos comentadores da rádio e da TV : «Não é crime pedir dinheiro emprestado aos amigos». Falso. Porque quando se trata de somas importantes, como aquelas que estão em jogo, neste caso, esses empréstimos podem mesmo ser assimilados ao exercício ilegal da actividade bancária. Enfim, que o político em questão diga -porque é isso que importa- de onde lhe veio tanta massa. Só para os Portugueses (esses invejosos !) perceberem como é que é possível enriquecer subitamente... E se eu ficar convencido da sua boa fé, juro que -a exemplo do Barbas das caldeiradas- também irei a Évora entregar-lhe uns 'recuerdos' do nosso clube.

BISONTES

Esta plácida manada de bisontes pasta e desidrata-se diante das imponentes montanhas do Grand Téton (Rochosas), no estado do Wyoming. Estes animais descendem dos sobreviventes do massacre sistemático da espécie levado a cabo em finais do século XIX, por gente que, como William F. Cody (alcunhado Buffalo Bill), até foi considerada heróica e chegou a ter o seu nome gravado a letras de ouro nas páginas da História dos E.U.A.. À luz do que hoje se sabe sobre o assunto, o extermínio dos bisontes (imposto pelas autoridades de Washington, com o fito principal de enfraquecer as nações ameríndias da Grande Pradaria) foi um crime ecológico de desmesuradas dimensões, quase irreversível; que só pode aviltar quem o comanditou e quem o cometeu. Diga-se em abono da verdade, que também foi um político -Theodore Roosevelt- quem tomou as primeiras medidas para salvar esta espécie emblemática da fauna da América setentrional; encorajando a fundação de parques nacionais, onde a dita (ou melhor, o que dela restava) foi protegida e pôde reconstituir-se. A fotografia abaixo, mostra um amontoado de ossos, empilhado por caçadores de bisontes
do século XIX. Que do imponente animal, só aproveitavam a pele (para alimentar a indústria dos curtumes) e a língua (à qual se reconhecia, ao tempo, algum interesse gastronómico).

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

CINE-SAUDOSISMO (6)

Confesso nunca ter visto «O CANGACEIRO» -uma das obras mais conhecidas de toda a cinematografia brasileira- numa sala de cinema. O que, naturalmente, lamento imenso. Realizado em 1953 por Lima Barreto (que também aqui assumiu a responsabilidade de co-guionista), esta fita  é um género de western sertanejo, no qual o 'badman' tradicional do faroeste cedeu o lugar a um qualquer comparsa do famoso Lampião; e a tradicional canção «Oh, Susannah» foi substituída pelo dengoso ritmo de «A Mulher Rendeira». Acho que vi esta película pela primeira vez num canal da televisão francesa há um ror de anos. Há tanto tempo, que, aqui há uns dois anos atrás, quando pude, enfim, adquirir (também no país dos irmãos Lumière) um cópia DVD da fita em questão, já se haviam apagado da minha memória muitas cenas e detalhes importantes deste filme produzido pelos prestigiosos estúdios Vera Cruz. O enorme êxito obtido no Brasil por esta fita nacional foi surpreendente e a sua fama estendeu-se ao resto do mundo, quando o Festival de Cannes lhe atribuiu uma recompensa. «O CANGACEIRO» teve a participação, nos papéis principais, dos actores Milton Ribeiro, Alberto Ruschel, Vanja Orico e Mariza Prado. O responsável pela sua magnífica fotografia a preto e branco foi Chick Fowle. Teve distribuição internacional assegurada pela Columbia Pictures.

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POEMAS


«DIZ O MEU NOME»

Diz o meu nome
pronuncia-o
como se as sílabas te queimassem
                                  [os lábios
sopra-o com a suavidade
de uma confidência
para que o escuro apeteça
para que se desatem os teus cabelos
para que aconteça

Porque eu cresço para ti
sou eu dentro de ti
que bebe a última gota
e te conduzo a um lugar
sem tempo nem contorno

Porque apenas para os teus olhos
sou gesto e cor
e dentro de ti
me recolho ferido
exausto dos combates
em que a mim próprio me venci

Porque a minha mão infatigável
procura o interior e o avesso
da aparência
porque o tempo em que vivo
morre de ser ontem
e é urgente inventar
outra maneira de navegar
outro rumo outro pulsar
para dar esperança aos portos
que aguardam pensativos

No húmido centro da noite
diz o meu nome
como se eu te fosse estranho
como se fosse intruso
para que eu mesmo me desconheça
e me sobressalte
quando suavemente
pronunciares o meu nome

MIA COUTO - Prosador e poeta moçambicano. Nasceu na cidade da Beira em 1955 e é um dos grandes nomes africanos da literatura lusófona. Foi distinguido em 2013 com o Prémio Camões. Este poema foi extraído de «Raiz de Orvalho», uma das suas primeiras obras.

VALHA-NOS O SANTO DA BARRA CHEIA

Este magnífico navio (cujo desenho se pode ampliar com um simples clique do rato) é o «Atlântida», última realização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Uma prestigiosa unidade fabril do norte de Portugal, que, como tantas outras empresas, foi alvo da política de destruição sistemática do nosso património industrial. Com o fecho definitivo destes estaleiros, pôs-se ponto final numa actividade, que se terá iniciado (de maneira mais rigorosa e organizada) no reinado de D. Dinis; soberano com visão de futuro, que -no século XIII- compreendeu que um país banhado pelo imenso oceano Atlântico tinha, forçosamente, que construir os seus próprios navios. Navios que, aqui ou algures, são ferramentas indispensáveis do desenvolvimento económico. Mas, nestes tempos de  cegueira dirigida -em que os interesses estrangeiros se sobrepõem aos nacionais- os políticos de meia tigela que infelizmente temos que gramar (e engordar), 'acharam por bem' acabar, de vez, com uma actividade que já fizera de Portugal uma das nações mais avançadas do mundo. Será mesmo que nós, Portugueses, merecemos aturar, por mais anos, a mediocridade de tais (des)governantes ? -Como se diz na Barra Cheia : Valha-nos santo Eucarário !

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

FAZ HOJE 70 ANOS QUE AS TROPAS SOVIÉTICAS RESGATARAM AUSCHWITZ, O CAMPO DE TODOS OS HORRORES

Numa das suas derradeiras e irresistíveis ofensivas através da Europa oriental, as tropas do Exército Vermelho atingiram o sul da Polónia, onde -no dia 27 de Janeiro de 1945- se depararam com o assombroso horror de Auschwitz; um dos lugares mais emblemáticos da baixeza humana, da cobardia, da crueldade manifesta de um monstro (seguido nos seus crimes por um povo cúmplice) com feições humanas : Adolf Hitler. Durante a 2ª Guerra Mundial, foram exterminados em Auschwitz perto de 1 200 000 pessoas : judeus (90%), ciganos, resistentes. É às vítimas inocentes desse Holocausto infame, que eu aqui quero prestar sentida homenagem. Porque um dos piores crimes que se podem cometer contra as vítimas do nazismo e quejandos, é mesmo o esquecimento...

E A ATITUDE, RAPAZES ?

O Benfica teve ontem a oportunidade de se distanciar, quiçá de maneira definitiva, do seu mais perigoso adversário da 1ª Liga; que fez, aos encarnados, o 'favor' de ir perder à ilha da Madeira, diante do Marítimo. Mas os campeões de Portugal não aproveitaram a 'oferta' e saíram, eles próprios, derrotados do confronto de ontem com o Paços de Ferreira. Não sei o que hei de dizer, perante um Benfica sem alma e sem garra, que, nesse jogo, até se deu ao luxo de falhar uma grande penalidade. Assim não vale ! Sobretudo se o 'Glorioso' deseja, realmente, dar a alegria -aos seus adeptos e simpatizantes- de bisar o título de campeão nacional.

ADEUS ARTISTA !

Uma das grandes vozes destes últimos 50 anos calou-se, anteontem, dia 25 de Janeiro, em Atenas. Foi, com efeito, num hospital da capital grega -cidade onde, paradoxalmente, a estas horas, reina a euforia provocada pela vitória estrondosa do partido Syriza- que faleceu Demis Roussos, um dos cantores-culto da minha geração. Em França, país onde eu vivia e onde ele elegeu residência (por alturas do conturbado Maio 68), a descoberta da sua voz e a excelência das suas canções provocou uma verdadeira onda de choque. Maravilhosa e inolvidável onda de choque, que deixou boquiabertos todos os amadores de música ligeira. Vencidos e convencidos pela imponente figura de Demis e pela inigualável voz de um homem, que poderia ter escolhido os palcos da arte lírica para se exprimir com a mesma força de convicção. Demis Roussos -que nasceu, há 68 anos, na cidade egípcia de Alexandria- partiu deste mundo vitimado pelo cancro. Mas a sua memória permanecerá, para sempre, nas nossas vidas. Porque ele foi, indubitavelmente, definitivamente, um dos melhores cantores de todo o século XX ! Aqui fica a minha homenagem.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

E CHAMAM A ISTO SERVIÇOS DE SAÚDE...

Nesta estação particularmente fria, propícia à aquisição de gripes, bronquites e outras doenças do foro pulmonar, a corrida às urgências dos hospitais continua. Sobretudo por parte da população idosa, que é, como toda a gente sabe, a mais vulnerável. Os jornais (e outros órgãos de informação) têm referido notícias sobre os inauditos tempos de espera impostos aos utentes nessas instituições de saúde, que podem atingir (e até superar) um dia inteiro. O que já provocou (como também noticiou a imprensa) a morte de uma dezena de doentes por falta de assistência atempada. Parece que o recorde absoluto de espera foi batido, na passada semana, pelas urgência do Hospital Garcia de Orta (de Almada), que fez pacientar durante 30 longas horas uma senhora que recorreu aos seus serviços. Coisa realmente desumana, com a agravante da doente em questão ser uma nonagenária. Senhor ministro da Saúde, se eu estivesse no seu lugar demitia-me. Já ! Porque tudo isto é uma autêntica vergonha !

VIVA A GRÉCIA, VIVA O POVO GREGO !

Ao darem a maioria dos seus votos ao Syriza, os Gregos demonstraram, ontem -aos partidos incompetentes e corruptos que andam, há décadas, a arruinar o seu país- que estão fartos dos sabujos da chanceler Angela Merkel; que, até aqui, se tem comportado, de maneira arrogante e prepotente, como se fosse ela quem manda nesta Europa que se diz comunitária. Eu não sei o que se irá passar na Grécia nestes próximos meses e anos. Aliás ninguém sabe, embora muito se especule sobre o assunto. Mas a verdade é que, ontem, o povo heleno deu uma verdadeira lição de democracia (que é, refira-se, uma invenção sua) ao mundo. E também uma lição de coragem, não cedendo às inúmeras pressões e ameaças vindas de Bruxelas e de Berlim, que o 'aconselhavam' a trilhar o caminho da continuidade e da dependência. Espero, muito sinceramente, que o Syriza encontre a inspiração, a competência e a força para resolver os principais problemas que afligem o povo grego; e que são, tal como por cá, a miséria, o desemprego, a injustiça. Sei que não será tarefa fácil e que muita água correrá sob as pontes antes que isso aconteça. Mas ninguém poderá acusar os Gregos de não terem experimentado uma via divergente daquela que propõem os partidos do chamado 'arco da governação'. Que no Mediterrâneo oriental, tal como aqui, nas margens do Atlântico, governaram (e governam) no interesse dos bancos e das castas dominantes (inclusivamente a sua, a dos políticos), pilharam o país e roubaram descaradamente o povo. Que isto sirva de reflexão e de exemplo para o povo português. Que, ao que me parece, nada tem a esperar dos figurões do costume. Figurões que não têm a mínima vontade de mudar uma situação que lhes vai (como quem não quer a coisa) enchendo os bolsos. A propósito, já viram alguns desses energúmenos (que saltitam entre tachos governativos e as administrações de grandes empresas privadas) pobres ? -Com certeza que não. E, já agora, faço a ritual pergunta : porque será ? -É urgente mudar isto. Começando por eliminar (através dos votos, obviamente) suas insignificâncias. Sabem, aquelas bestas engravatadas e bem parecidas, que aparecem todos os dias na TV e nos jornais a botar discursos tão bonitos como enganadores. Que têm conduzido o povo confiante e que labuta a um grau de pobreza que salta à vista de todos.

domingo, 25 de janeiro de 2015

VELHAS ÁRVORES

Velhas Árvores

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

Olavo Bilac, in "Poesias"

TELAS FAMOSAS : «THE PACEMAKERS»

Esta tela (da autoria do pintor norte-americano George P.A. Healy) é propriedade do governo dos Estados Unidos e está hoje exposta na Casa Branca -por iniciativa do presidente Barack Obama- numa salinha de jantar que comunica com o famoso escritório oval. Esta obra intitula-se «The Peacemakers» ('Os Pacificadores') e representa um encontro do presidente Abraham Lincoln (o terceiro a contar da esquerda) com alguns membros do seu estado-maior : a saber, o major-general William T. Sherman, o general Ulysses S. Grant (general-chefe dos exércitos) e o contra-almirante David D. Porter. Este encontro preparatório para definir a futura política de paz (o armistício com os confederados viria a acontecer em data de 12 de Abril de 1865), teve realmente lugar a 28 de Março desse mesmo ano, num dos salões do vapor fluvial «River Queen», atracado num cais de Point City, perto de Richmond, na Virgínia. Curiosidade : o autor do quadro (uma tela com as dimensões de 120 cm por 159 cm) não assistiu a esta reunião de alto nível e só o pintou em 1868, baseando-se nas informações colhidas junto de alguns dos presentes. Como é sabido, Lincoln faleceu no dia 15 de Abril de 1865, em consequência de um ferimento provocado por um tiro de pistola disparado pelo actor John W. Booth. Que, num acto tresloucado, alvejou o presidente quando este assistia (com sua esposa) a um espectáculo realizado no Teatro Ford, da cidade de Washington.

O AQUEDUTO DOS PEGÕES

Esta notável obra de engenharia -que data dos séculos XVI e XVII- é o famoso Aqueduto dos Pegões; que durante muito tempo abasteceu o Convento de Cristo (Tomar) em água potável. Com cerca de 6 km de extensão e com 180 arcos (alguns deles sobrepostos), a sua construção foi iniciada em 1596, durante o reinado do poderoso Filipe II (primeiro do nome em Portugal), sob a orientação de Filipe Terzio, arquitecto-mor do Reino. E as obras foram dadas como terminadas em 1614, já sob a responsabilidade técnica de Pedro Fernando de Torres. Esta obra canalizava, para o supracitado convento, a água captada em quatro nascentes existentes na actual freguesia de Carregueiros. Tenho amigos de Tomar, que aqui há meia dúzia de anos me quiseram mostrar este grandioso aqueduto da sua terra (inscrito na lista dos Monumentos Nacionais desde 1910). Para além da sua assombrosa arquitectura, uma outra anedótica coisa me surpreendeu : a abundância de caracóis nos canaviais circundantes...

sábado, 24 de janeiro de 2015

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (29)


Anos 40/41 do século passado. Esta espectacular fotografia mostra um bimotor Heinkel He.111 da 'Lufrwaffe' (a aviação militar hitleriana) sobrevoando o casario de Londres e o Tamisa, procurando localizar o alvo a bombardear. Durante a chamada Batalha de Inglaterra -que durou, oficialmente, de Julho de 1940 a Maio do ano seguinte- milhares de aviões de todos os tipos e valências foram utilizados pelos nazis-fascistas (200 desses aparelhos eram italianos) para submeter o Reino Unido. Nação que resistiu heroicamente, graças ao seu material de defesa de superior qualidade ('Spitfires', radares, etc), à abnegação e valentia dos seus combatentes (nomeadamente pilotos) e ao moral elevado da sua população, galvanizada pelos discursos patrióticos de Winston Churchill. Durante a Batalha de Inglaterra, a Real Força Aérea perdeu 1 547 aparelhos e 417 aviadores (mortos em combate) e destruiu cerca de 2 300 aviões inimigos, nos quais pereceram mais de 2 500 pilotos e especialistas da aviação bélica do Eixo. Recordo que o comandante-chefe da R.A.F. era, ao tempo, o marechal Hugh Dowding e que o comandante e coordenador dos ataques contra Londres e outras cidades do Reino Unido era o famigerado Hermann Goering, delfim de Hitler e condenado à morte pelo Tribunal de Nurembergue por crimes de guerra. Esta sinistra figura -também conhecida por ter procedido ao roubo sistemático de obras de arte nos países ocupados pela Alemanha entre 1939 e 1945- envenenou-se na prisão, antes de ser enforcado pelos Aliados. Como aconteceu a muitos outros dos capangas de Hitler.

FUTEBOL E VIOLÊNCIA

O Carcavelinhos Football Clube foi uma agremiação desportiva da região de Lisboa, extinta há muitas décadas, que (com outro clube popular da capital portuguesa, o União de Lisboa, também ele dissolvido) esteve na origem da fundação, em 1942, do simpático Atlético Clube de Portugal; cuja equipa (então integrada no campeonato da 1ª divisão nacional) eu ainda vi jogar com Germano (o ulterior e lendário defesa do Benfica e da selecção) e com outros 'artistas' chamados Ben David, Imbelloni, etc. Isto no século passado, está bem de ver, nos idos dos anos 50 e inícios da década seguinte. Mas, voltando ao início, quero aqui recordar (por pura curiosidade) a famosa 'sandes à moda de Carcavelinhos', que nos meus tempos de miúdo ainda era citada por muita gente. E cuja origem me explicaram ser esta : o Carcavelinhos foi, até à sua dissolução, o clube de futebol  preferido do operariado de Alcântara; que assistia aos jogos envergando orgulhosamente os seus fatos-macaco. Para 'aguentar' uma tarde cheia de emoções, essa malta levava frequentemente para o campo uns petiscos sob forma de sanduíches; que nesses tempos -sem ASAE- eram singelamente envolvidos em papel de jornal. Diz, porém, a tradição, que as páginas de «O Século» e de outros jornais da época também envolviam, por vezes, um calhau ou um tijolo. Para o que desse e viesse... E que, ocasionalmente, essas 'sandes à moda de Carcavelinhos' eram arremessadas à cabeça de árbitros manhosos e de apoiantes e jogadores do clube adversário. Cá por coisas... Felizmente essa tradição das 'sandes' perdeu-se. Mas a gente que sucedeu -nos recintos desportivos- à malta de Alcântara não é melhor. Antes pelo contrário. Agora, com milhares de membros e organizada (quase militarmente) em claques clubísticas, vocifera e arma arraiais de porrada com a polícia e com os adversários do dia. Sejam eles quais forem. E já obtiveram vitórias estrondosass, sendo a primeira delas a de ter afastado dos estádios milhares de pessoas que gostam de futebol, mas que detestam estar rodeadas por essa cáfila de bestas quadradas. Afinal, o operariado de Alcântara de outros tempos até era gente simpaticíssima, se comparada aos elementos da Juve Leo, dos No Name Boys, dos Guerreiros do Minho e dos dragões de bancada, tenham eles lá o nome que tiverem. P.S. : As ilustrações mostram o emblema do extinto Carcavelinhos e uma amostra de 'brinquedos' apreendidos, pela polícia portuguesa, a uma das claques supramencionadas.

COISAS DITAS (POR QUEM TEM COISAS PARA DIZER)

«Acredito que os filósofos voam como as águias e não como pássaros pretos. É bem verdade que as águias, por serem raras, oferecem poucas oportunidades de serem vistas e muito menos de serem ouvidas. E que os pássaros pretos, que voam em bandos, param em todos os cantos enchendo o céu de gritos e rumores, tirando o sossego do mundo».

(Dixit Galileo Galilei)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

A ESCANDALOSA VENDA DA TAP

Na sua ânsia de entregar a privados tudo o que puder, até ao fim da actual legislatura, o (des)governo que temos aprovou ontem o caderno de encargos para a privatização da TAP-Air Portugal. Isto contra a vontade (expressa através de sondagens e outros tipos de consultas) da maioria dos Portugueses e o desejo dos trabalhadores dessa histórica empresa pública. Trabalhadores aos quais a prejudicial equipa Passos/Portas tem feito promessas enganadoras e 'garantido' a salvaguarda de direitos que deixam de fora, para já, 70% dos efectivos da prestigiosa transportadora aérea. Companhia que, como todos sabem, foi fundada em 1945 e tem prestado, ao longo de muitas décadas, prestimosos serviços à nação. É, pois, no quadro desta onda de indignação nacional e enquanto cidadão livre deste país que é o nosso, que aqui estou a levantar a minha voz contra a venda ao desbarato do nosso património. E a manifestar a minha repulsa a todos aqueles que afirmam, despudoradamente, que a via da salvação de Portugal passa forçosamente pela alienação de empresas com a simbologia e a vocação nacional da TAP.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

PARABÉNS CAMPEÃO !!!

Este moço natural da cidade do Funchal -de seu nome completo Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro- é, não haja a mínima dúvida, o português mais conhecido do planeta. Isso, graças à habilidade e à força com que pratica o mais universal de todos os desportos : o futebol. Ganhou há dois dias a sua terceira Bola de Ouro, troféu que consagra o melhor futebolista do mundo. Merecidamente. Parabéns !

IMAGEM ROMÂNTICA DE UMA PROFISSÃO DE ALTO RISCO

Ontem pereceram no mar, frente à idílica praia das Maçãs (no concelho de Sintra), mais 5 pescadores. Todos eles originários (à excepção de um imigrante ucraniano) da sacrificada vila das Caxinas. Este repetitivo drama, que tem dizimado a nossa classe piscatória, vem contrariar a imagem anexada; que mostra a romântica e pacífica figura de um antigo pescador barreiro (assim chamado por pescar no estuário e barra do Tejo). Isto não deve fazer esquecer factos e realidades da existência de gente, que, todos os dias, arrisca a vida para ganhar o pão que o diabo amassou. A condição dos pescadores -esses heróicos trabalhadores do mar- é hoje o que já era ontem : árdua, perigosa e, por vezes, mortal. Daí o respeito que devemos a todos aqueles que, quotidianamente, colocam nos nossos pratos o delicioso peixe das nossas costas. E dizer que nós achamos caro o preço que pagamos pela pescada e pela sardinha... E, na realidade, até temos alguma razão para nos indignarmos. Porque, como é sabido, a carestia do peixe na praça é feita por aqueles que não tomam o mínimo risco. Por intermediários que tiram, simplesmente, o pão da boca dos filhos dos pescadores, banqueteando-se com a parte do leão no negócio do pescado. Estar atento ao drama dos pescadores e às injustiças que lhes são feitas é, pois, o mínimo que devemos a esses esforçados e sacrificados trabalhadores.

INSÓLITA AERONAVE !

O mais estranho de todos os aviões militares construídos durante a Segunda Guerra Mundial foi, sem sombra de dúvida, o Blohm und Voss Bv.141A. Concebido (em finais dos anos 30) pelo engenheiro Richard Vogt, dos quadros da supracitada firma, este aparelho monomotor apresentava um desenho ousadíssimo, que se caracterizava pela instalação do propulsor na extremidade dianteira da fuselagem e de uma cabine montada assimetricamente na asa direita do curioso avião. O Bv.141A, que fora estudado para executar missões de reconhecimento e de cooperação com as tropas terrestres, realizou o seu primeiro voo experimental no dia 25 de Fevereiro de 1938. Uma dezena de máquinas deste tipo foram construídas (incluindo 3 protótipos) a expensas da Blohm und Voss, mas o Ministério do Ar nazi recusou-se a financiar o programa, talvez confundido com a originalidade da sua inovadora concepção. E substituíram-no, no seio da força aérea, por um avião de reconhecimento rival de linhas clássicas, proposto pela firma aeronáutica Focke Wulf : o Fw.189. Embora com acção limitada no conflito, o Bv.141A resta, no entanto, o mais insólito avião militar que jamais cruzou os céus da Europa durante a mais conturbada época da sua história.

Principais características do Blohm und Voss Bv.141A

Tipo - Reconhecimento e apoio de tropas terrestres
Envergadura - 15,45 m
Comprimento - 12,15 m
Altura - 4,10 m
Peso máximo à descolagem - 3 895 kg
Tecto operacional máximo - 9 000 m
Velocidade máxima - 400 km/h (a 3 800 m de altitude)
Autonomia - 1 140 km
Motor - 1 BMW 132N, radial de 9 cilindros (refrigerado por ar) e 865 cv
Armamento - 4 metralhadoras, 200 kg de bombas
Tripulação - 3

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

ANITA GUERREIRO CANTA «LISBOA ANTIGA» PARA RAY MILLAND E MAUREEN O'HARA

Quem se lembra ainda do filme «Lisboa» («Lisbon») rodado na capital portuguesa -por Ray Milland- no ano de 1956 ? -Provavelmente muito pouca gente... Até porque lhe é desconhecida, aqui na Europa, qualquer edição videográfica, que permita trazê-lo à lembrança dos cinéfilos. De qualquer modo, a fita em questão não era, do estrito ponto de vista qualitativo, nada de espantar. Recordo-me que contava uma história de prisioneiro a resgatar aos comunistas e que a negociação era assegurada por um aventureiro internacional, encarnado por Milland; que aqui assumia a dupla função de realizador e de principal intérprete masculino da película. Enfim, «Lisboa» contava uma típica história dos anos sombrios da Guerra Fria, em que o único interesse assentava no facto de ter trazido às margens do Tejo algumas celebridades do cinema hollywoodiano. O que muito agradou à comunidade jornalística do tempo e aos leitores da «Plateia». Outra coisa curiosa : uma das cenas desta fita foi filmada numa casa de fados, onde Anita Guerreiro ofereceu aos artistas estrangeiros (Ray Milland e Maureen O'Hara) uma bonita e (para eles) exótica canção : «Lisboa Antiga». Momento que eu gostaria de partilhar aqui convosco, graças a este extracto colocado no 'You tube' por um bem inspirado aficionado. Para ver e ouvir aqui :

https://www.youtube.com/watch?v=OlhbnwMlTCI

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

CIAO FRANCESCO, CIAO ANITA

Este último fim de semana foi trágico para o cinema transalpino; que, em apenas dois dias, viu desaparecer o realizador Francesco Rosi (a 10 de Janeiro) e a actriz Anita Ekberg, falecida ontem. Desta última (originária da frígida Suécia e que chegou a ser considerada uma das mais belas mulheres do mundo) toda a gente se lembra, visto a escultural actriz ter sido a inesquecível protagonista do banho nocturno na 'fontana' de Trevi em «La Dolce Vita» (1960), obra cimeira de Federico Fellini. Por ela ter sido a protagonista de um dos beijos mais escaldantes e famosos da História do Cinema (trocado com Marcello Mastroianni), que restará para sempre gravado na memória dos cinéfilos do mundo inteiro. É certo que a falecida actriz (que nos deixou quando contava 83 anos de idade) interpretou outros papéis interessantes na sua carreira. Mas este é, porventura, o único que é, para todos, simbólico e consensual. Já Francesco Rosi é, infelizmente, recordado por menos gente. O que é pena, visto este realizador (desaparecido com 92 anos de idade) ter sido um dos cineastas mais interessantes do seu tempo. Aquele que -com grandes riscos- denunciou, na tela, os crimes da Mafia e de outros poderes ocultos da Itália do século XX. Isto, para além de ter realizado filmes que se afastaram dos problemas político-sociais do seu tempo, mas que -todos eles- deixaram na minha memória de cinéfilo a marca de um dos gigantes do cinema europeu. Assim, de repente, estou a lembrar-me de toda uma série de filmes inesquecíveis de Rosi, que eu tive a felicidade de ver (muitos deles nas salas de cinema) como, por exemplo, «Salvador Giuliano» (1961), «La Mani Sulla Città» (1963), «Il Caso Mattei» (1971), Lucky Luciano» (1973), «Cadaveri Eccelenti» (1975), «Cristo si à Fermato a Eboli» (1979) ou «Cronaca di una Morte Annunciata» (1986). Pena é que a maioria deles nunca tenha sido alvo do interesse dos editores de vídeo do nosso país. Porque penso haver por cá muita ente que gostaria de incluir cópias destas películas nas suas colecções particulares de DVD's. Aqui fica, no entanto, a minha homenagem aos artistas que agora nos deixaram... Indubitavelmente mais tristes e mais pobres.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS


CANCIÓN  PRA CANTAR TODOS OS DÍAS

Hai que defender o idioma como sexa:
con rabia, con furor, a metrallazos.
Hai que defender a fala en loita rexa
con tanques, avións e a puñetazos.

Hai que ser duros, peleóns, intransixentes
cos que teñen vocación de señoritos,
cos porcos desertores repelentes,
cos cabras, cos castróns e cos cabritos.

Temos que pelexar cos renegados,
cos que intentan borrar a nosa fala.
Temos que loitar cos desleigados
que desexan matala e enterrala.

Seríamos, sen fala, unhos ninguén,
unhas cantas galiñas desplumadas.
Os nosos inimigos saben ben
que as palabras vencen ás espadas.

O idioma somos nós, povo comun,
vencello que nos xungue e ten en pé,
herencia secular de cada un,
fogar no que arde acesa a nosa fe.

Manuel Maria Fernández Teixeiro - Poeta (1929-2004). Um dos grandes nomes da literatura galega do século XX. Deixou vasta obra publicada. Poesia, essencialmente, mas também peças de teatro e outras prosas. A descobrir pelos Portugueses, que tão afastados andam, infelizmente, da cultura dos nossos irmãos do noroeste peninsular.

ASSIM VAI O MUNDO...

A morte de mais dois doentes (depois de infindáveis esperas) nos serviços de urgência de Setúbal e de Peniche são novos e significativos sinais do caos que reina na Saúde deste país. Onde as pessoas estão a ser tratadas como cães, por um ministério que, aparentemente, já não tem o mínimo respeito pela vida humana. Esperas de 20 e mais horas são claro indício de que, em matéria de saúde, já andamos por níveis semelhantes aos dos mais atrasados países da África negra e que a falta de vergonha dos 'nossos' (des)governantes em relação a este estado de coisas atingiu píncaros inimagináveis. Não há dinheiro ao que parece. Mas sempre se vão arranjando para aí uns 200 milhõezitos (mais coisa menos coisa) para executar trabalhos de conservação nos malfadados submarinos de Portas... Parece-me, francamente, que nesta terra ninguém sabe definir prioridades e que o bem-estar do nosso povo é coisa de somenos, se comparada com a atenção dada ao ferro-velho impingido pela indústria bélica da senhora Angela Merkel. P...., que é demais ! Começa a tardar o dia em que esta cambada vai ser corrida por visível e criminosa incompetência na gestão do país. Este desabafo nada tem a ver, bem entendido, com o trabalho dos médicos das urgências e outros profissionais de saúde; que, como todos sabem, são em número insuficiente e estão a fazer muito mais do que aquilo que humanamente podem.


O fascismo andou à solta nas ruas de Paris. Onde ontem, pelas 11 horas locais, um grupo de energúmenos a soldo do radicalismo islâmico investiu a sede da revista satírica «Charlie Hebdo» e assassinou cruamente 12 pessoas, entre membros da sua redação e agentes policiais. Entre os jornalistas abatidos -de maneira ignóbil- figurava a fina flor dos 'cartoonistas' de França : Wolinski (cujo trabalho eu conheço há décadas), Cabu, Tignous e Cherb. Tudo isto aconteceu numa clara (e vã) tentativa para cercear liberdades, para calar vozes críticas de uma facção terrorista do mundo  muçulmano, que quer impor aos próprios seguidores do Corão -e à Humanidade em geral- um modo medieval e tenebroso de estar no mundo. Parece que a polícia francesa já identificou os malandrins e já os terá neutralizado. Se assim é (Inch'Allah !), espero que a justiça tenha mão pesada na pena a aplicar a bestas sanguinárias da sua qualidade. Que, a meu ver, só merecem o infamante qualificativo de desprezíveis. Isto dito, quero afirmar -com firmeza- que nem sempre concordo com a provocação que emana dos 'bonecos' publicados pela revista atacada. Que eu acho, por vezes, que ofendem a sensibilidade religiosa de pessoas que nada têm a ver com radicalismos. E que, no contexto actual, são susceptíveis de provocar a ira (contida) de comunidades geralmente pacíficas. Seja qual for a sua crença. Mas isso é apenas a minha opinião de pessoa cordata e que gostaria que a tolerância se exercesse nos dois sentidos...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

ADEUS RENÉ VAUTIER

Faleceu ontem em França -seu país natal- o grande cineasta René Vautier. Patriota precoce, juntou-se à Resistência Francesa durante os anos negros da ocupação nazi e, depois da vitória contra os hitlerianos, foi citado pelo general De Gaulle, depois  de ter sido condecorado (quando tinha apenas 16 anos de idade) com a Cruz de Guerra. Enquanto Cidadão do Mundo, René Vautier lutou destemidamente, em todas as frentes, contra a injustiça e contra as desigualdades. Através dos seus filmes e na sua condição de militante comunista, Vautier insurgiu-se contra o capitalismo desbragado, contra o colonialismo, contra o racismo, contra a xenofobia, contra os crimes ecológicos e contra a política da extrema direita francesa. Em relação a esta, à Frente Nacional, chegou a denunciar o seu líder, Jean-Marie Le Pen (num processo que este intentou contra o jornal satírico «Le Canard Enchaîné»), de ter torturado patriotas argelinos durante a guerra da Argélia. Homem de coragem e de convicções, deixou-nos vários livros e uma vasta filmografia (sobretudo constituída por documentários), que vão perdurar como testemunhos importantes da história do seu tempo. As suas películas mais conhecidas são, com certeza, «Avoir Vingt Ans dans les Aurès» (sobre a vida dos soldados de um contingente francês na Argélia em guerra) e «Les Anneaux d'Or» (primeiro filme de Claudia Cardinale, premiado em Berlim com o Urso de Prata). Aqui fica a sentida homenagem de um cinéfilo, que muito apreciou a obra de um Homem (com H grande), de um homem vertical, que, nos seus 67 anos de vida, nunca se dobrou a ameaças, nem a chantagens.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O QUE EU QUERO...


Para este novíssimo ano
Eu desejo o que tu queres :
Mais amor, menos desengano,
Raras mágoas e bem-me-queres...

O COMBATE PELA PAZ

«A luta para manter a paz é infinitamente mais difícil que qualquer operação militar».

** Dixit : Anne O'Hare McCormick (1880-1954), poetisa norte-americana **

É IMPORTANTE LER : «A III GUERRA MUNDIAL»

Com o título em epígrafe («A III Guerra Mundial») foi publicado nas páginas da revista «Viaão» (nº 1 136, de Dezembro de 2014) um excelente artigo do sociólogo Boaventura de Sousa Santos -diplomado por várias universidades dos 'states' e por Coimbra- que nos alerta para os perigos de uma nova guerra na Europa, sob pretexto de crise na Ucrânia. Guerra que se inscreve na política quase secular do cerco à Rússia, que, desde a Revolução de 1917, tem sempre sido um dos mais poderosos motores da política internacional de Washington. Não entrarei em pormenores sobre o assunto, porque é meu desejo convidar os leitores deste blogue a tomar conhecimento do artigo em questão, lendo-o, directamente, no 'site' Boaventura de Sousa Santos - Visao.pt. Onde o dito artigo se encontra à disposição de quem quiser tomar conhecimento do raciocínio do seu autor. Aconselho vivamente, toda a gente, a ler e a reflectir sobre um assunto susceptível de criar -no nosso continente- uma zona de instabilidade tal, que porá em risco a segurança e o direito à paz na nossa região. A preparação desse conflito, de consequências medonhas para os europeus em geral, mas também para o Mundo, está a ser apoiada pela Comunidade Europeia. Que, como se sabe, tomou parte activa e teve responsabilidades nos 'incidentes' de Kiev de há meses atrás. E também com a cumplicidade de certa imprensa, que acata a desinformação dos diferentes serviços de propaganda americanos como 'a voz do dono'. Deixo no ar uma das pertinentes perguntas de Boaventura : Estarão os EUA a viver em democracia, quando 67% dos norte-americanos são contra a entrega de armas à Ucrânia e 98 % dos seus representantes (no Senado) votam a favor ? E, já agora, só mais outra : que faz na capital ucraniana a senhora Natalie Jaresko, uma cidadã dos Estados Unidos (onde exerceu importantes funções no governo), que obtve a cidadania ucraniana poucos dias antes de ter sido investida no cargo de ministra das Finanças da Ucrânia ?

FRIAS RECORDAÇÕES


O Inverno está particularmente frio em Portugal, sobretudo nas regiões do interior do país. Na minha terra do Norte Alentejano, de manhã, já se têm registado temperaturas mínimas da ordem dos 0º. O que é castigador para quem tem -por obrigação ou por necessidade- de sair de casa todos os dias. O que nem é o meu caso. Mas não nos queixemos, porque há por essa Europa fora situações bem mais duras. Com nevões, gelo, cheias e outros 'mimos' próprios desta quadra. E eu que o diga; eu que passei esta estação do ano com 30º negativos na Escandinávia e que gramei invernos mais do que rudes vividos na Alemanha (na Renânia), na Bélgica (na Flandres), na França (na Normandia), onde o mercúrio dos termómetros pode 'mergulhar' para lá da marca dos 10º negativos. Enfim, temos que contentar-nos com aquilo que a Natureza (que nós tão maltratamos) decide oferecer-nos. Mas ainda a propósito de invernos duros, estou-me a lembrar de um deles, passado (aqui há uns 18/20 anos atrás) na Alta Normandia, em que as primeiras neves cristalizaram e transformaram as ruas das cidades em autênticos e gigantescos ringues de patinagem. Onde as pessoas se estatelavam constantemente e quebravam membros. O que fazia sorrir alguns, embora a situação não tivesse graça nenhuma... Lembro-me dos jornais locais terem noticiado (nesse calamitoso ano) a quebra dos 'stocks' de gesso nos hospitais e clínicas de Rouen, onde eram conduzidas as vítimas dessas grotescas quedas que tanto faziam rir os outros. E recordo-me (eu que nunca soube patinar) de me ter lançado, uma tarde, depois do regresso do trabalho, numa rua -transformada em pista da modalidade- que ligava a estação de metro a minha casa. 50 metros, se tanto, mas que me valeram para aí umas 10 quedas e uma boa meia hora para realizar trajecto tão curto. Por isso, quando vejo e ouço na TV os portugueses de visita à serra da Estrela tecerem elogios à neve e outras 'maravilhas' invernais do lugar, para além de me arrepiar, conforto-me na ideia de que as ditas só são boas precisamente na televisão, ou vistas através das (duplas) vidraças de um confortável quarto de hotel ou de um restaurante catita. Sem contactos directos e frígidos com a foleca. Mas também reconheço que o espectáculo da queda de neve (ao qual eu assisti, pela primeira vez, quando já contava 19 anos de vida) também me fascinou. Enquanto foi novidade. Mas, garanto, que foi amor de pouca dura...