sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

FRIAS RECORDAÇÕES


O Inverno está particularmente frio em Portugal, sobretudo nas regiões do interior do país. Na minha terra do Norte Alentejano, de manhã, já se têm registado temperaturas mínimas da ordem dos 0º. O que é castigador para quem tem -por obrigação ou por necessidade- de sair de casa todos os dias. O que nem é o meu caso. Mas não nos queixemos, porque há por essa Europa fora situações bem mais duras. Com nevões, gelo, cheias e outros 'mimos' próprios desta quadra. E eu que o diga; eu que passei esta estação do ano com 30º negativos na Escandinávia e que gramei invernos mais do que rudes vividos na Alemanha (na Renânia), na Bélgica (na Flandres), na França (na Normandia), onde o mercúrio dos termómetros pode 'mergulhar' para lá da marca dos 10º negativos. Enfim, temos que contentar-nos com aquilo que a Natureza (que nós tão maltratamos) decide oferecer-nos. Mas ainda a propósito de invernos duros, estou-me a lembrar de um deles, passado (aqui há uns 18/20 anos atrás) na Alta Normandia, em que as primeiras neves cristalizaram e transformaram as ruas das cidades em autênticos e gigantescos ringues de patinagem. Onde as pessoas se estatelavam constantemente e quebravam membros. O que fazia sorrir alguns, embora a situação não tivesse graça nenhuma... Lembro-me dos jornais locais terem noticiado (nesse calamitoso ano) a quebra dos 'stocks' de gesso nos hospitais e clínicas de Rouen, onde eram conduzidas as vítimas dessas grotescas quedas que tanto faziam rir os outros. E recordo-me (eu que nunca soube patinar) de me ter lançado, uma tarde, depois do regresso do trabalho, numa rua -transformada em pista da modalidade- que ligava a estação de metro a minha casa. 50 metros, se tanto, mas que me valeram para aí umas 10 quedas e uma boa meia hora para realizar trajecto tão curto. Por isso, quando vejo e ouço na TV os portugueses de visita à serra da Estrela tecerem elogios à neve e outras 'maravilhas' invernais do lugar, para além de me arrepiar, conforto-me na ideia de que as ditas só são boas precisamente na televisão, ou vistas através das (duplas) vidraças de um confortável quarto de hotel ou de um restaurante catita. Sem contactos directos e frígidos com a foleca. Mas também reconheço que o espectáculo da queda de neve (ao qual eu assisti, pela primeira vez, quando já contava 19 anos de vida) também me fascinou. Enquanto foi novidade. Mas, garanto, que foi amor de pouca dura...

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