sexta-feira, 31 de julho de 2015

JÁ ESTREOU (ONTEM) O NOVO «PÁTIO DAS CANTIGAS»

Ainda não tenho ecos da reacção do público ao novo filme de Leonel Vieira, que ontem estreou nas salas portuguesas. Este filme é um 'remake' daquele que António Lopes Ribeiro realizou no já longínquo ano de 1942 e que ofereceu a António Silva e a Vasco Santana os principais papéis. Há para aí muita gente a insurgir-se (antes de o ver) contra este «PÁTIO DAS CANTIGAS» de Leonel Vieira. Como se a fita que ele agora realizou, constituísse um sacrilégio, um atentado ou coisa que o valha. Não é o meu caso, eu que estou desejoso de poder vê-lo, proximamente, num dos ecrãs dos cinemas da minha região. De qualquer modo, não há que estabelecer comparações com o clássico (que será inimitável), que, segundo sei, só deu o mote para que Vieira contasse uma história com actores do nosso tempo, interpretando o papel de gente do século XXI. Dito isto, desejo à equipa técnica, aos actores e ao próprio filme as maiores venturas.

RASGANDO AS TREVAS...

Rasgando as trevas e as águas de «mares nunca antes navegados», duas caravelas d'el-rei de Portugal seguem a sua misteriosa rota e o seu destino... Que só podia ser de morte ou de glória ! Nessas aventurosas viagens para o levante e para o sul, traçou-se o porvir de grandeza de uma nação, entalada entre uma Europa sem futuro à vista e um oceano imenso, ignoto e hostil. Tendo escolhido o mais temível dos adversários e o mais difícil dos desafios, este povo que é o nosso construiu uma epopeia sem paralelo na História da Humanidade; plena de promessas (nem sempre cumpridas) e de encontros, que puseram as populações do planeta Terra a comunicar umas com as outras. Durante esses séculos de descobertas e de conquistas (pela espada e pelo coração) nem tudo foram rosas e os Portugueses de séculos passados também cometeram actos pouco louváveis, dos quais não nos orgulhamos. Mas, naquele tempo e naquelas circunstâncias, quem teria agido de outra forma ? -De qualquer modo, fazendo, hoje, o balanço da presença da lusa gente no vasto mundo -da Europa até ao Brasil e ao Japão e do Canadá até à África do Sul e à Austrália- não há que ter vergonha e que alimentar complexos. Basta reconhecer os erros, ao mesmo tempo que se avalia a imensa, a gigantesca dimensão da empresa. Obra de um pequeno e pobre país que, ao tempo, não contaria mais do que 1 milhão e meio de almas...

POLÍTICA E QUEIJOS

«Como pode alguém governar uma nação, que tem duzentos e quarenta e seis tipos de queijo ?»

** General Charles De Gaulle (1890-1970), militar, estadista e escritor francês **


Em Janeiro de 1965, quando eu cheguei a França, o general De Gaulle presidia os destinos dessa velha e digna nação da Europa que generosamente me acolhera. Ainda aureolado pela sua acção de resistente e de fundador da França Livre -que nunca deixou de combater o nazismo, mesmo nos anos mais negros da ocupação- De Gaulle gozava da reputação de político íntegro e de inquebrantável defensor dos interesses da nação. Em Maio de 1968, eu não estava com De Gaulle, encontrava-me do outro lado da barricada, reivindicando mais justiça para a classe trabalhadora à qual eu me honrava de pertencer. Mas, quando, no final de um mês de crise e de violentos confrontos, De Gaulle teve que renunciar ao poder e retirar-se da vida política, eu senti, realmente, que a França tinha perdido um grande líder; que jamais seria substituído por um homem e um governante como a sua honradez, com a sua visão, com a sua grandeza. E não me enganei !

O NEVOEIRO QUE PERDURA

Será por este caminho e numa manhã de nevoeiro como esta, que surgirá, enfim, el-rei D. Sebastião, para salvar a pátria em perigo ? -Eu cá por mim duvido... Até porque nunca tive confiança nesse fedelho a quem ainda hoje chamam abusivamente o Desejado. Que, por pueril capricho, arrastou -em finais do século XVI- para uma desastrada aventura, a fina flor da gente lusa; para a perder miseravelmente (em escassas horas) nos escaldantes areais de Marrocos. A História dos povos não se compadece com actos românticos como a cruzada contra o infiel promovida por este neto de D. João III e estou certo que a vaidade desse imbecil que foi senhor e rei destas terras muito contribuiu para que o destino de Portugal entrasse num inexorável declínio. Que, salvo o breve interregno em que 'reinou' (por obra e graça de um soberano inteligente) o esclarecido José Sebastião de Carvalho e Mello, nunca mais voltou a ser o que foi. A culpa não foi só, obviamente, do impróvido Sebastião, porque gente como ele, da mesma laia, tem ocupado, ao longo dos séculos, as cadeiras do poder. Sempre em benefício próprio e das suas clientelas. Porque o povo português, esse, nunca mais saiu da cepa torta. E a prova está à vista.

A XAPUTA, UMA ILUSTRE DESCONHECIDA

Quando eu era menino, na década de 50 do passado século, comer carne era -para a maioria dos Portugueses, gente pobre- um prazer raro. Carne que, em geral, as famílias modestas, só saboreavam nalguns dias festivos. O que era normal, visto que, nessa altura, os trabalhadores da indústria ou dos campos auferiam salários verdadeiramente miseráveis. Curiosamente, tal como hoje acontece, mercê de políticas anti-sociais de governos insensíveis à justiça, para os quais o bem-estar do nosso povo sempre foi coisa de secundaríssima importância. De modo que, as refeições eram, nesse tempo, não um prazer, mas uma maneira incontornável de assegurar a sobrevivência. Lembro-me que a nossa dieta era, sobretudo, constituída por bacalhau (o produto mais barato do mercado) e por peixe fresco, este comprado nas praças e/ou a vendedores ambulantes; que percorriam as ruas de certas cidades e vilas do país com um carrinho adequado(*) ao negócio do pescado. Abro aqui um parêntese para lembrar que havia certas espécies que eram, naturalmente, reservadas aos ricos, tais como o pargo, o cherne, a chamada pescada de Sesimbra, etc. , por serem elas bastante caras e inacessíveis à bolsa da generalidade dos nossos compatriotas. Nós, os pobres ou os menos abonados, comíamos sardinhas, carapaus, cachuchos e outro peixe miúdo; e, também outras espécies, que, nos nossos dias, escasseiam. A tal ponto, que já há muita gente que não as conhece. Estou-me a lembrar, por exemplo, da xaputa, um peixe da família dos corifenídeos, de seu nome científico 'Brama brama', outrora muito abundante no Atlântico norte e muito especialmente na nossa costa. A xaputa é um peixe de tamanho médio e de cor escura com reflexos prateados. De aspecto pouco convidativo,  oferece, no entanto, uma carne firme (mas suculenta), branca e muito saborosa. Nessa longínqua época, em casa dos meus pais, a xaputa era preparada e comida de duas maneiras : cortada em postas finas, fritas e degustada com um acompanhamento de arroz de tomate ou de coentros. À outra maneira chamava a minha mãe 'Bifes de Xaputa'. A preparação implicava esfolar o peixe (operação difícil e morosa, porque a pele é espessa e difícil de arrancar) e cortá-lo em finos filetes, que se deixavam macerar certo tempo em vinha de alhos, tal como se procederia se se tratasse de verdadeiros bifes de vaca. Depois, sem os passar por farinha, fritavam-se em azeite e serviam-se quentinhos, com acompanhamento de batatas cozidas, de salada de alface ou de tomates verdes. Posso afiançar que, sobretudo esta última receita, de tão gostosa que saía, era muito apreciada por toda a família. Já não como xaputa há anos. Creio que a última que comprei foi numa peixaria em Espanha, onde os nossos vizinhos lhe chamam carinhosamente 'palometa'. O que significa pombinha. A propósito de nomes, é de referir que, em Portugal, a xaputa também é conhecida (em diferentes regiões costeiras) pelos designativos de freira, angelina, anjounil, plumbeta, brema-do-mar e lareta. Em França, onde eu residi muitos anos, chamam-lhe andorinha-do-mar, pelo facto da sua barbatana caudal se assemelhar, na forma, à 'cauda' dessa ave migradora. Parece que o nome que se dá, no nosso país, a este peixe, deriva da palavra árabe 'xabbútâ', que também o designa no Magrebe.

(*) Os carrinhos dos peixeiros daquele tempo eram, geralmente, de pequenas dimensões, ligeiros, de formas toscas e assentes em duas rodas de bicicleta. Eram empurrados (por isso estavam equipados com um par de varais) pelos respectivos utilizadores e para além do pescado destinado à venda, dispunham de uma prancha para o amanhar, de jogos de facas, de reservas de sal e de gelo e de um balde para acumular as entranhas ou, pelo menos, aquelas que as freguesas não reclamavam para os seus bichanos. Tudo isto se cobria com um espesso oleado, para tentar preservar a frescura do peixe. Cuja venda se aconselhava a fazer nas duas ou três horas após a sua partida da praça de origem.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

«MUDAR DE VIDA»

Um DVD contendo cópia deste filme de Paulo Rocha -«MUDAR DE VIDA»- será vendido com o «Público» (por um preço muito acessível) no próximo domingo, dia 2 de Agosto. Uma boa oportunidade para adquirir mais uma obra daquele realizador português; que, entre outros actores, aqui dirigiu Maria Barroso, recentemente falecida.

OS DERRADEIROS COMBATES DOS MESSERSCHMITT Bf-110

Na fase final da Segunda Guerra Mundial, o caça bimotor alemão Messerschmitt Bf-110 já era um avião obsoleto, incapaz de rivalizar com as aeronaves aliadas do seu tipo e, também, naturalmente, com os aparelhos que, nesse tempo, a indústria bélica tudesca fornecia à 'Luftwaffe'. Ainda assim, alguns desses aparelhos foram modernizados e equipados com sofisticados radares, para que Hitler e os seus apaniguados pudessem adiar o dia da derrota completa e definitiva do regime mais odioso que a Europa e o mundo alguma vez conheceram. Esses aviões Bf-110 modificados foram canalizados para unidades especializados na caça nocturna e chegaram a causar, à aviação de bombardeio aliada (britânica e norte-americana), perdas consequentes. Adoptando tácticas inovadoras e armamento especialmente concebido para abater os gigantescos B-17, B-24 e Lancasters -as armas voadoras mais pesadas e poderosas do arsenal inimigo- os antiquados bimotores Messerchmitts marcaram pontos nessa guerra das trevas, onde a luz surgia, esporadicamente, propagada pelas rajadas de balas tracejantes e pelas chamas dos aviões atingidos e, nessas circunstâncias, destinados a uma perda inexorável. Mas esses sucessos das asas alemãs, mais não foram que o canto do cisne de uma 'Luftwaffe' irremediavelmente vencida pelo poderio da aliança anti-hitleriana.



Nestas duas últimas imagens podem ver-se, nitidamente, as antenas dos radares 'Liechtenstein' (detectores de longo alcance fabricados pela firma Telefunken) que equiparam essas excelentes plataformas de fogo que foram, com efeito, os Bf-110 'nocturnos'.

NO TEMPO EM QUE EU PODIA ESCOLHER AS MINHAS FÉRIAS...

No tempo, já longínquo, em que as pessoas que trabalhavam podiam ir, se quisessem, de férias ao estrangeiro, passei umas agradáveis 'vacaciones' no arquipélago das Canárias. Com estadia nas ilhas de Gran Canaria (esta com visita limitada a Las Palmas) e de Tenerife; que tive o prazer de visitar em toda a sua extensão. Uma das praias de que usufruí, nessa altura, foi a de Las Teresitas, próxima da cidade de Santa Cruz, que -nos anos 80/90 do passado século- era a única na ilha do Teide a oferecer aos turistas um areal parecido com o das praias portuguesas. Com areia douradinha importada, segundo me disseram, dos desertos de Marrocos. Lembro-me que, naquele tempo, a dita praia não tinha ainda o dique que se vê na imagem que anexei a este texto. Dique que foi construído com o intuito de contribuir para a segurança dos banhistas e, desconfio, sobretudo para preservar o tal 'stock' de areias saarianas. Que deveriam ter custado os olhos da cara. Até aí, tudo bem. O que não está certo é o facto da construção em questão ter, visivelmente, desvirtuado a paisagem. Durante essas férias estive hospedado num moderno hotel de Playa de las Americas, onde a areia das praias era preta como breu e da qual as pessoas saiam com o aspecto de verdadeiros senegaleses. Belos tempos !

«CAMPINO»

Carlos Ramos (1907-1969) foi um dos grandes fadistas do século passado. Natural do bairro lisboeta de Alcântara, começou a sua carreira profissional tardiamente, em 1944, cantando nos mais afamados retiros de fado da capital, incluindo «A Toca», do qual era proprietário. Senhor de uma voz quente e inconfundível, muito apreciada pelos cultores da então chamada 'canção nacional', Carlos Ramos aprendeu a tocar guitarra portuguesa e, com esse instrumento de difícil execução, acompanhava-se a si próprio. As suas frequentes passagens pela TV e estações de rádio granjearam-lhe fama nacional. Muitos dos fados que cantou, ainda hoje andam nas bocas dos amadores : «Campino», «Senhora do Monte», «Canto o Fado», «Não Venhas Tarde», «Biografia do Fado» e tantos outros. Sugiro, aqui, a audição do primeiro da lista, «Campino», que tem letra de Fernando Santos e música de Raúl Ferrão. Para escutar, no 'You tube' carregue aqui :

https://www.youtube.com/watch?v=YTiq8LsW_Mo

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (45)

Esta fotografia foi tirada numa praia dos Estados Unidos da América nos anos 20 do passado século. Data, portanto de há quase 100 anos. Nela vemos um cavalheiro, presumivelmente um agente da autoridade, medindo a distância entre o fato de banho e o joelho de duas veraneantes. A decência ditada pelo puritanismo local e da época  media-se em centímetros e a não obediência das regras podia custar multas pesadas e até, por vezes, uma exemplar detenção. Eu já tenho 70 anos de idade e lembro-me muito bem do tempo (até finais dos anos 50/inícios da década seguinte) em que, por cá, nas nossas praias, os cabos-de-mar eram mobilizados para fiscalizar a 'nudez abusiva'. Os bikinis, por exemplo, só eram tolerados, em certos areais e às senhoras estrangeiras. As mulheres portuguesas tinham que ser mais comedidas e ostentar mais trapo. Quanto aos homens, era recomendado o uso de um calção de 'dimensões correctas', assim como o uso de uma camisola interior; que lhes escondesse as cabeludas peitaças. Se os sensores de quem falamos ressuscitassem e deparassem com os 'strings' do nosso tempo e as maminhas ao léu, com certeza que cairiam para o lado com uma apoplexia ou outra coisa má...

APENAS LENHA...

«Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para a fogueira».

** Leão Tolstoi (1828-1910), escritor russo **

A PROPÓSITO DE UM HERÓI

Acredito que os Franceses, na sua generalidade, conheçam melhor do que nós a distinta figura de Aristides de Sousa Mendes, o tal cônsul de Portugal em Bordéus que -durante a 2ª Guerra Mundial- salvou muitos milhares de refugiados judeus de irem parar aos infames campos de concentração nazis. Onde milhões dos seus correligionários seriam exterminados (até ao fim do conflito, em 1945), em circunstâncias e condições indignas da espécie humana. Em França, sobretudo na região Sudoeste, há ruas e escolas com o nome desse nosso compatriota, que sacrificou a sua carreira diplomática e o bem-estar da sua própria família para socorrer pessoas em grande risco. Pessoas que ele não conhecia e com as quais nem sequer partilhava convicções religiosas. Por cá, pouco ou nada se tem feito para dar a conhecer a dimensão do feito de Sousa Mendes; cujo nome a maioria da população portuguesa simplesmente ignora. Há anos que eu ouço falar da recuperação da casa familiar deste autêntico herói português do século XX; que deveria ser restaurada -com o apoio do Estado- e transformada em museu. Mas, até hoje e segundo creio, essa vivenda -sita em Cabanas de Viriato- continua no mesmo estado de abandono em que se encontrava quando, há 40 anos, caiu o salazarismo. Em França foi editado, aqui há anos, um álbum que conta às crianças desse país (sob forma de banda desenhada), o singular destino de Aristides de Sousa Mendes. Para que a sua memória perdure. O seu autor é o conhecido José Ruy, uma figura marcante dos 'quadradinhos' nacionais.



Esta é a Casa do Passal, em Cabanas de Viriato (concelho de Carregal do Sal), que foi, outrora a moradia familiar de Aristides de Sousa Mendes. Apesar das inúmeras promessas oficiais (mas não só) para lhe devolver a dignidade que já teve e passar a servir de lugar de memória, ainda não foi recuperada...

COISAS DO FUTEBOL

Perante os reforços que, nestas últimas semanas, chegaram aos seus principais rivais e a anunciada  saída de atletas 'indispensáveis' do seu plantel, temo que 'o Glorioso' arranque no campeonato que se avizinha em flagrante desvantagem. O futuro dirá se tenho razão... Espero enganar-me. Em jeito de talismã, aqui deixo a fotografia de uma das nossas equipas da década de 60, tirada num dia de desafio contra o Real Madrid; como o atesta o galhardete oferecido pelos 'merengues' e que aqui segura o inesquecível José Águas. Atleta que eu ainda tive a honra e o prazer de ver jogar várias vezes.

BOA E SAUDÁVEL SALADA

O Verão é a estação do ano em que as saladas são -para todos- pratos mais apetecíveis. Embora, em boa verdade as devêssemos consumir todo o ano; porque constituem refeições reconhecidamente frescas (a quadrar com o tempo) e saudáveis. À receita que hoje aqui vos deixo, chamam 'Salada Siciliana' e, como todas as outras, presta-se às alterações que a vossa imaginação ou capricho lhes queira fazer. Como, por exemplo, substituir as laranjas por toranjas ou por tangerinas, os pinhões por amêndoas ou avelãs, o sumo de limão por vinagre, etc. A receita base é, no entanto, esta :

3 laranjas descascadas e cortadas em cubos;
folhas de agriões (sem talos), em quantidade suficiente;
1 cebola de tamanho média, cortada muito fininho;
pinhões;
azeitonas pretas;
azeite (extra virgem);
sumo de limão.

Depois é só meter-lhe o dente e degustá-la, acompanhada por um vinho rosé ligeiro e bem fresquinho, de preferência. Dito isto, só me resta desejar-vos Bom Apetite !

terça-feira, 28 de julho de 2015

PIRATARIA DE ESTADO

A conquista da Argélia em 1830, pelos Franceses, foi o acontecimento determinante para acabar, de vez, com a multisecular pirataria berberesca; cujos navios -poderosamente armados e comandados por capitães destemidos- zarpavam dos portos de Trípoli, Túnis, Argel e Salé, principalmente, para atacarem a navegação internacional que se aventurava no Mediterrâneo. Mas não só, já que, durante várias centúrias, foram frequentes as incursões dos piratas norte-africanos no oceano Atlântico, ao longo das costas da Europa ocidental. Por causa dessa rendosa actividade, os Estados Unidos da América, acabaram por comprometer-se em duas guerras contra os ditos piratas (em 1801-1805 e em 1815), por terem falhado todas as suas tentativas diplomáticas para encontrar uma solução entre partes; mas também pelo facto dos tributos e resgates vertidos pelos americanos aos Berberescos terem atingido somas exorbitantes, superando 1 milhão de dólares anuais. Essas guerras envolveram, sobretudo meios navais. Na imagem aqui anexada pode ver-se uma fragata da armada norte-americana a ser atacada por um xaveco árabe, navio ligeiro e muito manobrável utilizado pelos piratas do Magrebe. Região que, ao tempo, estava submetida ao poder otomano. (Clicar com o rato para poder observar a ilustração detalhadamente).

segunda-feira, 27 de julho de 2015

CINE-SAUDOSISMO (21)

Apesar de ter feito buscas no sentido de apurar se esta película foi, ou não, exibida em Portugal, não cheguei a um resultado satisfatório. Assim, na dúvida, vou servir-me do título original deste magnífico filme, que, eu próprio, só descobri na segunda metade dos anos 60 (do passado século, obviamente), graças a uma programação da TV francesa. Filme que voltei a ver, com redobrado prazer, já na era dos vídeos caseiros.
«LE SILENCE DE LA MER» é um filme francês, realizado em 1947 por Jean-Pierre Melville. É uma adaptação cinematográfica da comovente novela homónima de Vercors, nome de guerra de Jean Brulier, resistente e escritor sobejamente conhecido. Duma tristeza infinita, esta obra -levada aos ecrãs com grande sensibilidade e rigor- espelha o estado de espírito de uma família gaulesa perante a ocupação do seu país pelas hordas nazis. Um tio e uma sobrinha, que vivem retirados numa cidadezinha de província, são forçados a dar alojamento, em sua casa, a um oficial do exército alemão. E vão resistir à sua maneira, fechando-se num mutismo hermético, perante as repetidas tentativas do hóspede (que apesar de envergar uma farda odiada, é um homem civilizado, compreensivo e imbuído de cultura francesa) para estabelecer o diálogo. Filme intimista, atípico na obra do seu realizador -que também o produziu- «LE SILENCE DE LA MER» é uma fita marcante do cinema francês do imediato pós-guerra e a nenhuma outra igual. Filme que se tornou uma bandeira da resistência, não-activa, de muitos milhares de gauleses à ocupação do seu país pelos exércitos de Hitler. O livro que o inspirou já fora um excepcional êxito de vendas e o filme que dele resultou veio confirmar o interesse por uma história que respeita a atmosfera de um tempo (a acção começa em 1941) carregado de ameaças e de indefinições para a Europa e para a liberdade dos povos. Esta película tem fotografia a preto e branco e uma duração de 88 minutos. Os três principais papéis foram interpretados por Howard Vernon, Jean-Marie Robain e Nicole Stéphane.

ATÉ OS ANJOS BEBEM...

Curiosa maneira de promover um dos néctares do vale do Douro. A marca deste porto (ainda existirá ?), 'Rainha Santa', já tinha qualquer coisa de celestial. Nessas circunstâncias, porque não recorrer à imagem do anjinho beberrão ?

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS

E CORRERAM OS RIOS

altas e soltas correram os rios na gente
rios de lava Lisboa inflamada acorrendo fremente
nos dias eu se abriram vinda das faldas vertida
dos dormitórios da cintura fumegante e mecanizada
Lisboa livre acorreu
enxameadas as veias avenida da liberdade
rossio terreiro do paço Belém
– e além na outra banda absurdo o cristo:
braços em cruz impotente –
e correndo os rios cada vez mais latos
até o súbito despedaçar-se da seda contra a amurada
afundadas as olheiras da vigília entornadas
as falas em busca do nexo – e achámos esta sorte
o sangue agitado o tempo:
uníssono o nosso grito
escancarado em cada rua
em passo de estar alerta
uníssono ressoou porém mais fundo.
E assim nos pergunto que águas nos lavaram tão de dentro
e levaram alamedas da liberdade acima
que rios tão feitos de luta e punhos? alegria?

** Wanda Ramos (1948-1998) - É uma poetisa portuguesa, natural do Dundo, Angola. Filha de portugueses, veio para a Europa em 1957. Formou-se em Filologia Germânica na Faculdade de Letras de Lisboa. Para além de ser uma poetisa reconhecida e publicada, foi prosadora (em 1980, foi galardoada com o Prémio Ficção da Associação Portuguesa de Escritores), professora e tradutora. O seu primeiro livro de poemas intitulou-se «Nas Coxas do Tempo» (1970) **

ALERTA !

Segundo notícias recentemente publicadas na imprensa diária, cerca de 6 000 bombeiros portugueses emigraram nestes últimos 4 anos. Havendo corporações que já perderam metade dos seus efectivos. Em plena 'estação' dos incêndios florestais, imagine-se as dificuldades com que se debatem os bombeiros deste país, para poderem cumprir as suas missões. Nesse campo, mas não só...

A fotografia anexada não tem relação com o texto. Trata-se, apenas, de uma bonita viatura dos Voluntários Lisbonenses, de 1957.

FILETES DE ARENQUES MARINADOS

A marinada -na qual se mergulham os filetes de arenque- leva óleo vegetal (mas não azeite), vinho branco, cebola, alcaparras, 'cornichons', louro, bagas aromáticas e sal q. b.. Os filetes devem ser consumidos passadas várias semanas de estágio num tacho com os supracitados ingredientes e degustados tal qual ou aquecidos. O acompanhamento ideal será, talvez, constituído por umas batatinhas novas cozidas e cortadas em quartos. Devidamente regadas com o óleo da marinada. O vinho adaptado a este prato, pode ser um branco seco, bem fresquinho. Bom apetite !

LEMBRANDO «SEARA DE VENTO»

«Certa tarde, a aparente quietação rasga-se, de súbito, nos gritos espavoridos de Júlia. Acudindo de longe, o Palma vem encontrar o velho dependurado na trave do casebre. Apenas o Bento, desde o princípio, assiste a tudo, sentado no terreiro. Tonto, baloiçando o tronco e sorrindo, não desfita o avô, já hirto, para lá da porta escancarada».

Esta prosa é da autoria do escritor Manuel da Fonseca (1911-1993) e pertence ao seu livro «Seara de Vento»; que muitos críticos e leitores não hesitam em classificar como uma das obras mais marcantes da nossa literatura do século XX. O autor situou o contexto deste seu romance no Alentejo dos difíceis anos 50; num tempo em que a injustiça dos agrários e a repressão policial (apoiadas pela hierarquia da Igreja Católica) se abatiam impiedosamente sobre as populações rurais. Sobretudo sobre aquelas que ousavam romper a barreira do medo levantada pelo salazarismo de triste memória e gritavam a sua indignação. O drama descrito por Fonseca em «Seara de Vento» inspirou-se, aliás, num violento e verídico acontecimento, que teve lugar, duas décadas atrás, no Alentejo. Região que o autor tão bem conhecia, até por dela ser originário. Aqui há uns anos atrás, emprestei este livro -que muito estimava- a um amigo, que fez o favor de não me o devolver. Certamente por, também, muito o ter apreciado... Enfim, que lhe faça bom proveito ! Mas eu tenho vontade de mergulhar, de novo, nas páginas de «Seara de Vento». Um livro tão útil para lembrarmos o passado e até para compreendermos os tempos que correm... Qualquer dia, quando estiver mais abonado, volto a comprá-lo.

UM FORMIDÁVEL PALÁCIO FORTIFICADO

Bem alicerçado no seu promontório rochoso, o imponente 'alcazar' de Segóvia, destaca-se da paisagem nevada e do céu cinzento de nuvens. Diz-se que o sítio onde se ergue, já fora ocupado pelos Romanos, mas o mais certo é este palácio fortificado ter sido erigido sobre as ruínas de um castelo muçulmano conquistado, em 1122, pelo rei Afonso VI de Leão. Foi, ao longo do tempo, paço real, prisão, academia militar e palco de importantes acontecimentos da História de Espanha. Foi, por exemplo, neste 'alcazar', que Isabel I foi coroada rainha de Castela e Leão e que ela desposou Fernando II de Aragão. A configuração actual desta formidável fortaleza deve-se a Filipe II (Filipe I de Portugal), que reinou entre 1556 e 1598. É, com o aqueduto romano e com a catedral, um dos monumentos mais emblemáticos de Segóvia e um daqueles que mais turistas chamam a essa cidade da Região Autonómica de Castela e Leão. Urbe que, situada relativamente perto da nossa fronteira de Vilar Formoso, deveria atrair (a meu ver) mais visitantes lusos.

domingo, 26 de julho de 2015

EL VAQUERO

Este vaqueiro mexicano conduz a sua modesta manada de bovinos pelas ruas poeirentas de um 'pueblo', perante o olhar interessado de alguns índios. Em segundo plano, vê-se o edifício imponente de uma missão fundada por frades espanhóis. Que ali deixaram a sua marca religiosa e humanitária, que contrastou com a brutalidade da ocupação. Os cavalos e os bovídeos também foram introduzidos no México pelos conquistadores ibéricos, espalhando-se, depois, pelas vastas regiões do Texas (situadas a norte do rio Grande), onde encontraram um meio propício à sua proliferação e à sua criação intensiva e controlada... (Clique na imagem com o rato para a ampliar).

NO REINO DA DINAMARCA

Contrariamente à Suécia e à Noruega, por onde andei longos meses, a minha passagem pela Dinamarca foi meteórica. Resumiu-se a umas horas passadas em Copenhague... que nem deram para visitar a Sereiazinha, o mais emblemático monumento da cidade e do reino. E tive pena.

AÍ ESTÃO AS ESFARRAPADAS PROMESSAS DO COSTUME !

..... Vêm aí as eleições legislativas e, como de costume, já chovem promessas. Em catadupa. Feitas, sobretudo, por aqueles impostores -profissionais do discurso fácil, mas sem substância- que já enganaram os Portugueses na anterior consulta popular. Mas agora é que é :  o 'pagode' vai pagar menos impostos (ou receber parte daqueles que pagou em excesso), vai ter empregos, enfim vai ter um futuro risonho... Isto, naturalmente, se aceitar votar nos mesmos indivíduos, naqueles que (num passado recente) viraram o rabo para onde têm a cara e que, sem o mínimo escrúpulo, empobreceram a maioria das famílias deste país, tirando-lhes o ganha-pão, cortando-lhes ordenados, pensões e abonos de família, mandando-os emigrar, etc.  Ora aí estão eles, de novo, para 'garantir' que, desta vez, é que é, que o país (na realidade, cada vez mais endividado) está a progredir e não tardará a voltar à normalidade. 'Normalidade' que, em Portugal, sempre assentou numa grande injustiça, gerada pela desigual distribuição da riqueza. Há, indubitavelmente, muita gente ingénua nesta nossa terra, mas a verdade é que uma boa parte das pessoas que já assim foram abusadas uma vez, dificilmente voltarão a cair no mesmo logro, na mesma esparrela. Pelo menos é o que, em princípio, dita o bom senso. E é o que se espera de gente que, ao longo destes últimos anos, sofreu na pele as consequências da sua faculdade em acreditar em pessoas que nada sabem fazer, a não ser viver (e bem) à custa dessa úbere vaca leiteira chamada política. Portanto, face a esta situação, o importante é começar a 'avisar a malta'. Para que não vote naqueles que nos têm desgovernado, obviamente.

BACALHAU SIM, BACALHAU NÃO

Os noruegueses (e outros povos nórdicos) pescam bacalhau desse tempos imemoriais. Para assegurarem a sua própria sobrevivência, mas também para servir nas trocas comerciais com outras nações da Europa. Instalados na Islândia e na Gronelândia desde a Idade Média e tendo descoberto a América do norte por volta do ano 1000 da era cristã, os Vikings foram, sem dúvida, grandes captores e apreciadores deste gadídeo. Que consumiam simplesmente seco e/ou fumado, já que não deveriam dispor de reservas importantes de sal, para poderem recorrer ao nosso processo de cura tradicional. Inicialmente, por razões de ordem económica, os Portugueses instalaram-se no topo dos consumidores desse peixe de águas frias. E continuam a ser hoje o povo que mais come bacalhau em todo o mundo, apesar da raridade do produto ter feito subir, de maneira exponencial, o seu valor comercial. Com as restrições impostas pelo Canadá, nós já não pescamos bacalhau há várias décadas. O bacalhau com o qual agora confeccionamos as centenas de deliciosas receitas que inventámos ao longo dos tempos, vem agora, essencialmente, da Noruega; país que adaptou a sua indústria de transformação deste pescado, para poder elaborar um produto dito de 'cura portuguesa', compatível com o nosso gosto. Mas as reservas de bacalhau encaminham-se, fatalmente, para o esgotamento e é muito provável que os Portugueses de um futuro próximo nunca cheguem a saber o que foi um 'Bacalhau à Brás', um 'Bacalhau à Gomes de Sá' (como aquele que eu saboreei ontem), um 'Bacalhau à Lagareiro', uns 'Pastéis de Bacalhau' ou um 'Bacalhau à Margarida da Praça'. Enfim, e como egoisticamente diz o outro, tivessem chegado mais cedo; nos velhos tempos do bacalhau a pataco...

MARAVILHAS DO ALENTEJO

Situada à beira do Tejo, que aqui é -entre as barragens do Fratel e de Belver- plácido e amigo, rodeada por uma flora luxuriante, a praia fluvial do Alamal é uma das maravilhas do Alto Alentejo e uma bênção dos deuses, numa terra onde o calor aperta todo o Verão. O Alamal é um oásis que incita autóctones e visitantes a procurar sombras e águas onde se refrescar. É, em suma, um local de prazer e de lazer. Esta fotografia (de autor cuja identidade eu desconheço) terá sido tirada do castelo medieval de Belver. Outra maravilha -esta com uma História de séculos, ligada à saga dos cavaleiros Hospitalários- que também será interessante descobrir. Este é um dos quadros do tal «Alentejo diferente, que espera por si».

sexta-feira, 24 de julho de 2015

EFEMÉRIDE

Foi há precisamente 314 anos, que o aventureiro (e administrador colonial) francês Antoine de Lamothe Cadillac (1658-1730) fundou o Forte Ponchartrain du Detroit. Que está na origem da cidade norte-americana de Detroit.  Essa urbe do estado do Michigan, é uma das mais importantes do país, embora só agora esteja a reerguer-se de um longo período de crise. Foi conquistada aos Franceses em 1760 pelas tropas britânicas e passou sob soberania dos Estados Unidos em 1796. Em 1902, foi criada uma marca de automóveis de luxo (que agora pertence ao grupo General Motors), que recebeu o nome do fundador de Detroit.

CINE-SAUDOSISMO (20)

«SETE HOMENS DO TEXAS» («Journey to Shiloh») tem acção decorrente na Guerra Civil, conflito que ensanguentou odo o território da União, entre 1861 e 1865. Uma União então desfeita pelo separatismo sulista. A história contada é a de um grupo de sete jovens e fogosos cowboys, que abandonam o seu Texas natal para irem procurar a aventura e a glória nos campos de batalha do leste do país. Mas a guerra em que, entusiasticamente, eles se vão envolver, é, afinal, uma carnificina sem nome, da qual ninguém sai (mesmo que escape às balas) moral e psicologicamente ileso. A sua experiência é marcada por uma sucessão de horrores, da qual só um deles logrará sair com vida... Houve muitos críticos que 'devastaram' esta obra de William Hale (1968), acusando este realizador de ter feito uma película pouco coesa. Como se essa pretensa fraqueza constituísse a coisa mais importante de um filme, que, na realidade, era uma parábola (visível e entendível) sobre a guerra do Vietnam; na qual, em 1968, os norte-americanos se encontravam atolados até às orelhas. Em boa verdade (e talvez pelo facto dos EUA ainda viverem num tempo de ilusões sobre o desfecho da sua aventura militar nos arrozais e selvas da Indochina), esta mescla de western e de filme de guerra, não encontrou -nos 'states'- o sucesso esperado pela produção. Que apostou forte no humanismo pacifista e na denúncia de uma situação que destruía as esperanças dos jovens americanos atirados, aos milhares, para a fogueira de uma guerra ideológica, longe das fronteiras do país e da qual, ao tempo, não se vislumbrava o fim. Mas, na Europa, o filme obteve algum êxito e foi louvado sobretudo pela crítica 'bien-pensante'; que soubera ler a mensagem subjacente e a apreciara a sua justeza. «SETE HOMENS DO TEXAS» teve como principais intérpretes os actores James Caan, Michael Sarrazin, Brenda Scott, Don Stroud e Paul Peterssen. Harrison Ford, então no início da sua carreira, encarna a figura de um dos cowboys texanos. Este filme (colorido e com 101 minutos de duração) é uma raridade. Para os cinéfilos que têm a paciência de visitar este blogue, passo a seguinte informação : esta fita terá uma edição DVD em França no próximo mês de Setembro, onde será comercializada com o título local «La Brigade des Cow-Boys». Infelizmente, a dita só poderá ser visionada por falantes de inglês e de francês, pois não oferece outras opções linguísticas.

INESQUECÍVEL MADJER

O futebolista Rabat Madjer foi, incontestavelmente, uma das maiores estrelas da História do Futebol Clube do Porto. Agremiação onde ele jogou 6 épocas e com a qual disputou 147 jogos, marcou 73 golos e conquistou 3 Campeonatos Nacionais, 2 Taças de Portugal, 1 Supertaças, 1 Taça dos Clubes Campeões Europeus, 1 Taça Europa e 1 Supertaça Europeia. Natural da cidade de Argel, capital do seu país, Madjer também conquistou (com a camisola da Argélia) 1 título de campeão de África das Nações e 1 Bola de Ouro africana. Foi selecionado 87 vezes pelo seu país, marcando por 29 vezes. Considerado, a justo título, um dos melhores futebolistas africanos de sempre, Rabat Madjer marcou-nos, essencialmente, pela sua acção na final da Taça dos Campeões Europeus de 1987, durante a qual teve papel decisivo na vitória do F. C. Porto (que bateu o Bayern de Munique por 2-1), ao marcar um golo de antologia, com o calcanhar. Durante a sua carreira desportiva, Madjer esteve ao serviço de outros emblemas, mas foi no Porto que ele granjeou maior prestígio e mais títulos.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

DOS JORNAIS...

A sangria emigratória (quantitativamente similar, ao que se diz, à dos difíceis anos 60 do passado século) tem esvaziado o nosso país de milhares de jovens. Entre os quais se contam muitas centenas de universitários, com os quais era legítimo contar para que -nas próximas décadas- Portugal seguisse em frente, sem penúria de quadros em diversas áreas. Mas a fuga maciça de arquitectos, de engenheiros, de professores, de médicos (e de outros técnicos de saúde, nomeadamente enfermeiros), etc. vai por em causa o futuro desta nação que é a nossa. Desastre que -com os levianos convites, para que os jovens procurassem ganhar a vida lá fora- as cabecinhas pensadoras que temos neste (des)governo promoveram, sem medir as reais consequências de tal acto. E a 'festa' continua, já que, segundo o «Diário de Notícias» de hoje, a Alemanha da senhora Merkel aparece agora a recrutar -nas nossas faculdades de medicina- estudantes ainda em fase de formação, mas aos quais já foi feita a promessa de arranjarem um lugar no sistema de saúde tudesco, valorizada pela aliciante perpectiva de por lá obterem uma remuneração equivalente àquela que, em Portugal, só podem aspirar os profissionais que chegaram ao topo da carreira. É evidente que, face aos míseros salários de 8 euros/hora, recentemente oferecidos aos tais médicos de família que o (des)governo Coelho/Portas quis recrutar, não há volta a dar. Difícil é, no entanto, engolir a pílula, quando se aprecia a situação e se chega à conclusão que o essencial dos muitos milhões de euros investidos nos estudos desses jovens saíram do erário público; que é, como quem diz, dos bolsos de todos nós. Ingloriamente ! E isso não aconteceu só com os jovens clínicos. Na realidade, o Estado (que somos nós)  também subvencionou largamente a formação de todos os outros miúdos que queimaram as pestanas a estudar nas nossas universidades para obterem um canudo e aos quais o 'regime' (ou o sistema, como lhe queiram chamar) oferece ordenadões de 600/700 euros mensais. Portanto, os jovens em questão não são minimamente culpados por adoptarem uma atitude que humanamente se compreende. E o mexilhão também não. Então, adivinhem lá : quem é responsável por toda esta fenomenal bagunçada ?

quarta-feira, 22 de julho de 2015

MUDAR O MUNDO...

«Toda a gente pensa em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar-se a si próprio».

** Dixit Leon Tolstoi (1828-1910), escritor e pensador russo. É o sublime autor de obras como «Guerra e Paz» e «Anna Karenina», dois dos romances mais conhecidos e apreciados da literatura russa **

CINE-SAUDOSISMO (19)

«O LEÃO DA ESTRELA» é uma daquelas engraçadíssimas comédias realizadas nas décadas de 30/40/50 do século XX, que, passados tantos anos, continuam a enternecer e, sobretudo, a fazer rir gerações inteiras de Portugueses. Sendo que algumas dessas gerações já nasceram depois do passamento dos actores que contribuíram para lhes oferecer tais momentos de prazer. «O LEÃO DA ESTRELA» teve produção da Tóbis Portuguesa, realização de Arthur Duarte e estreou nos cinemas em 1947. Os principais papéis foram distribuídos a António Silva, Milú, Laura Alves, Artur Agostinho, Maria Eugénia, Curado Ribeiro, Erico Braga, Maria Olguin, Óscar Acúrsio e a Cremilde de Oliveira. A história contada desenvolve-se à volta da pitoresca figura de Anastácio, um chefe de família lisboeta, que, um belo dia, decide ir ver um jogo de futebol à Cidade Invicta, onde o seu Sporting Clube de Portugal vai defrontar o F. C. Porto. Na aventura, o homem (que é um funcionário sem grandes recursos) vai arrastar mulher e filhas e envolver-se numa rede de aldrabices, que provocarão toda uma série de peripécias mais ou menos rocambolescas. Situação que se agrava, quando a abastada família do norte (que recebera o senhor Anastácio e os seus em sua casa) vai aceitar retribuir a visita à capital e ao lar do tal leão da Estrela. Filme irresistível, e que se pode incluir, sem esforço, entre as melhores comédias portuguesas de sempre. Feliszmente, que já existem cópias gravadas em vários suportes videográficos para perenizar esta amável película e disponibilizar a sua permanente visualização aos cinéfilos deste país; e não só... Esta película, que foi filmada a preto e branco, tem uma duração de 2 horas.