terça-feira, 25 de agosto de 2015

CINE-SAUDOSISMO (26)

«NUNCA AO DOMINGO» («Pote tin Kyriaki») é um filme grego com realização (em 1959) de Jules Dassin. Um cineasta norte-americano que, havia pouco, se instalara na Europa, por causa da 'caça às bruxas' -promovida pelo senador fascista McCarthy- que se abatera sobre todos os Estados Unidos e com particular incidência sobre Hollywood. Esta fita, que foi um sucesso público mundial (ou, pelo menos, nos países onde não foi censurada), conta-nos a história de Homer Thrace, um filósofo amador (é assim que ele se define no filme) que desembarca na Grécia para tentar descobrir, ali, a verdade sobre o declínio desse país (berço da civilização) e do mundo ocidental. A 'cobaia' das suas experiências vai ser Ilya, uma prostituta do Pireu, que abdica de 'trabalhar' nos domingos, para consagrar esse dia aos amigos e, pasme-se, para assistir a sessões de teatro antigo. Tragédias que ela interpreta de bem curiosa maneira. Homer (que está secretamente apaixonado por Ilya) convence-se que, através da educação e da cultura (que ele quer, de maneira obsessiva, transmitir à meretriz), vai poder arrancá-la, definitivamente, da sua condição de mulher pública. A experiência falha. Ou melhor, não tem o resultado desejado pelo turista ianque, que a vê partir de braço dado com um charmoso ítalo-grego, operário do porto do Pireu... Diga-se, em abono da verdade, que houve críticos que não gostaram muito de «NUNCA AOS DOMINGOS». Talvez pelo facto do seu puritanismo, em relação ao tema da prostituição (flagelo social é certo, mas realidade do mundo em que vivemos) se ter sobreposto a tudo o resto. Mas a verdade é que esta película (filmada a preto e branco e com 90 minutos de duração) foi um dos grandes sucessos -de sempre- do cinema grego. Para esse êxito contribuiu um leque de actores particularmente competente, a começar por Melina Mercouri e pelo próprio Jules Dassin, que aqui assumiu o principal papel masculino. Mas também (e ressalte-se) a música de Manos Hadjidakis e a canção «Os Meninos do Pireu», que correu mundo. Não sei se existe cópia videográfica desta película editada em Portugal. Sei é que já há edições da dita comercializadas em vários países do continente.

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