quarta-feira, 25 de novembro de 2015

MÁ LÍNGUA

Não sou, em princípio e por educação, grande apreciador (e praticante) daquele 'desporto nacional' que é a má língua. Mas, confesso, que às vezes me irrito e tenho vontade de chamar nomes feios a certas pessoas -sobretudo jornalistas- que aparecem na TV a dizer parvoíces.

Exemplo nº 1 : aqui há dois ou três dias, fiquei indignado com uma menina, repórter de um canal televisivo cujo nome não citarei, que, em serviço numa localidade da outra banda, situava um problema de violência doméstica (com tiros e tudo) como tendo ocorrido na rua Diogo do Cão... Diogo do Cão ???!!! De qual cão ? -Então a menina jornalista nunca ouviu falar de Diogo Cão, figura proeminente da História das Descobertas, que -em 1485, em pleno reinado de D. João II- foi o primeiro navegador europeu a atingir a foz do rio Zaire e a avistar terras de Angola ? -Valha-a Deus... Isto é, certamente, o resultado da maneira leviana que tem presidido ao ensino da História nas nossas escolas. Nos meus tempos da primária (que foram tempos muitos difíceis), aprendia-se isto (e muito mais) logo na 4ª classe.


Exemplo nº 2 : a propósito do abate (também ocorrido há dois ou três dias) de um avião militar russo na linha de fronteira sírio-turca, ouvi -em praticamente todos os canais da nossa televisão- falar, a propósito da aeronave derrubada pelos otomanos, de 'avião de caça'. Então os senhores jornalistas não têm tempo para se documentarem (mesmo que seja em cima da hora) sobre as características dos aparelhos que citam ? -O Sukhoi Su-24 (uma aeronave produzida, na extinta URSS, entre 1967 e 1993) não é, nem nunca foi, um avião de caça. É, isso sim, um aparelho (birreactor, bilugar, com asa de geometria variável) concebido para o reconhecimento e para atacar objectivos terrestres. O que não são exactamente as missões confiadas a um caça. Quanto mais, o Su-24 será um avião de reconhecimento e de apoio táctico. Porque foi estudado e construído para observar as posições inimigas e, posteriormente, destruí-las. Muitas vezes para apoiar a acção de tropas terrestres amigas.



Exemplo 3 : Muito se tem falado (sobretudo na TV), depois dos terríveis atentados que -no dia 13 deste mês- puseram a cidade de Paris no centro das atenções, dos 'bairros' de Saint Denis (nas cercanias da capital francesa) e de Molenbeek (na periferia de Bruxelas). Ora, esses 'bairros' são, em boa verdade, cidades, que nada têm a ver, política e administrativamente, com as capitais referidas. Aliás, cada um desses pretensos bairros tem uma população estimada em 100 000 almas, o que, convenhamos, faria dos referidos uns 'bairrões do caneco. Também ouvi dizer a alguns dos jornalistas, lá presentes aquando dos dramáticos acontecimentos, que eram 'bairros' com uma população maioritariamente muçulmana. O que é absolutamente falso ! Embora as taxas de emigração (nomeadamente magrebina) sejam bastante elevadas. Curiosamente (e isto é apenas um detalhe) ambas as cidade têm nomes bem cristãos : a francesa Saint Denis, assim chamada em honra de um mártir, que foi o primeiro bispo de Paris. E Molenbeek-Saint Jean, que é o nome oficial da cidade belga e que lembra São João Baptista, uma das figuras mais populares da Cristandade.

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