domingo, 29 de novembro de 2015

O CAMALEÃO-COMUM

O camaleão-comum ('Chamaeleo chamaeleon') é a única espécie da família dos 'chamaeleondae' com habitat próprio na Europa. O seu habitat limitadíssimo, cobre uma estreita franja dos litorais andaluz e algarvio. Pensa-se que o camaleão-comum tenha sido um réptil introduzido (talvez acidentalmente) nesse espaço geográfico. Dizem os entendidos, que os camaleões -bichos com o aspecto de pequenos monstros pré-históricos- vivem na Terra há mais de 60 milhões de anos. Na realidade são lagartos, que nós distinguimos dos outros, essencialmente pelo facto de apresentarem algumas particularidades pouco ordinárias : são especialistas na arte do mimetismo, estão dotados com uma cauda preênsil, com língua longa, larga e viscosa (que eles projectam para capturar insectos, base da sua alimentação) e com olhos grandes e capazes de serem movidos independentemente um do outro. A sua conhecida passividade e lentidão fizeram deles presas fáceis dos turistas (sem sensibilização ecológica) do norte da Europa, que, todos os Verões, partilham com os camaleões o mesmo espaço; de vida para uns, de lazer para os outros. Isso, associado ao facto do seu habitat ter sido atravessado por estradas de circulação automóvel, onde estes répteis são frequentemente esmagados -sem dó nem piedade- tem diminuído substancialmente a sua população. Lembro-me de um episódio que ocorreu nos últimos anos da década de 70 do passado século. Eu e a minha família circulávamos, de automóvel, no troço rodoviária que liga o aeroporto de Faro à estrada nacional, quando avistámos, no espaço alcatroado, um desses bicharocos em risco de ser esborrachado pelo rodado de uma das muitas viaturas que por ali circulavam. Encostámos, recolhemos o camaleão e fomos deixá-lo fora da estrada. Isto, perante a choradeira das minhas filhas (então pequeninas), que desejavam conservá-lo a todo o preço. E às quais foi necessário explicar porque razão era importante deixá-lo ali, em sua 'casa'. Espero que, actualmente, já exista legislação que os proteja da vergonhosa caça que lhes foi movida pelos turistas do norte do continente; que, no final das suas férias algarvias, os levavam para a Alemanha, para a Holanda e para outros países da Europa setentrional, onde estes simpáticos répteis não tinham a mínima 'chance' de sobreviver.

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