segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

CINE-NOSTALGIA (41)

«YOL» (que não sei se alguma vez chegou a ser exibido em Portugal) é um filme turco com realização de Yilmaz Guney. Estreado em 1982, arrebatou, nesse mesmo ano, a cobiçada Palma de Ouro do Festival de Cannes, para além de outros galardões internacionais. Curiosamente, foi rodado por colaboradores do supracitado cineasta e sob a sua orientação, quando este se encontrava atrás das grades de uma prisão, onde cumpria uma longa pena, pela sua alegada cumplicidade no assassínio de um juiz. «YOL», cuja acção se situa numa Turquia submetida à ditadura militar, conta-nos as histórias pessoais de cinco prisioneiros que, depois de terem cumprido vários anos de cárcere, vão beneficiar de licenças de saída temporária. Um deles, volta a casa para vingar a honra de duas famílias (a sua e a da mulher), maculadas pela traição da esposa; que, segundo o código de pundonor local, deve morrer... Outro dos prisioneiros vai encontrar, no Curdistão, uma situação de guerra aberta entre a população autóctone e o exército turco, que o faz hesitar entre a submissão e um regresso à cadeia ou, em alternativa, uma adesão aos movimentos de guerrilha, que por ali lutam contra a prepotência e a brutalidade do governo de Istambul. Outro, ainda, interveniente num ataque à mão armada durante o qual abandonara o seu cúmplice e cunhado (que acabou por ser morto pela polícia), vai tentar explicar a sua conduta à família do falecido e convencer a sua própria mulher a reatar a precedente relação. Enfim, «YOL» é um retrato sem retoques da Turquia do último quartel do século passado, que muito nos diz sobre a brutalidade dos militares da ditadura e sobre as tradições violentas e retrógradas de uma terra situada na linha de fracção entre a Europa e a Ásia. Revi este filme ontem (graças a um DVD adquirido em França) e acho que esta obra não perdeu o vigor com que apareceu na década de 80, espantando o mundo com a sua dramática verdade. Actores principais : Tarik Akan, Serif Sezer, Halil Ergun, Meral Obrousay e Hikmet Celik. Colorido e com 110 minutos de duração.

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