sexta-feira, 16 de setembro de 2016

CINE-NOSTALGIA (52)

O filme que agora aqui quero evocar foi realizado por Richard Fleischer e estreado em 1975. É um filme de uma violência inaudita -com cenas cruas e impróprias para o público mais jovem e/ou mais sensível- mas de uma verdade gritante sobre a condição dos escravos. Dos africanos que eram capturados pelos nossos antepassados europeus e vendidos aos poderosos e implacáveis proprietários de campos de algodão do sul dos Estados Unidos; que os submetiam a trabalhos forçados e a sevícias inimagináveis para o homem dos tempo modernos. «MANDINGO» (é bem desta película que se trata) é uma ilustração do que foi a vida, a condição e a morte de pessoas que -até finais da guerra civil americana, que terminou em 1865- foram tratados como animais. Abusados laboralmente, moralmente, sexualmente e vendidos (por famílias inteiras ou separadamente) quando o seu dono muito bem o entendia. Enfim, esta fita (colorida, com 127 minutos de duração e distribuída internacionalmente pela companhia Paramount) é uma amostra daquilo que foi uma das mais sinistras e abjectas páginas da História da Humanidade, da qual todos nós deveríamos sentir-nos envergonhados. A história contada (inspirada numa novela de Kyle Onstott) decorre no sul dos 'states' por meados do século XIX. Um jovem branco realiza o seu sonho, ao adquirir num mercado de escravos, recém-chegados de África, um atlético mandingo. Pertencendo, pois, a um grupo étnico reputado por proporcionar bons genitores e por serem temerários lutadores. O escravo comprado é levado para a plantação do seu novo dono, que o poupa aos duros trabalhos do campo, com o confessado intuito de fazer dele pai de muitos escravos e de o utilizar em combates com outros negros, que geram apostas e, em consequência das vitórias, ganhos chorudos. Mas um problema vai surgir na vida do 'privilegiado' Mede, o escravo mandingo : desdenhada pelo marido, a sua jovem patroa obriga-o a manter relações íntimas com ela e leva um parto a termo. Depois do surpreendente nascimento da criança mestiça, a onda de violência que assola a propriedade não vai poupar ninguém. Nem a esposa infiel, nem o escravo preferido do mestre; que está prometido a uma morte atroz... Este filme (que eu revi recentemente) contou, nos principais papéis, com a participação de James Mason, de Susan George, de Perry King, de Lillian Hayman, de Richard Ward e de Ken Norton. Refiro a título de curiosidade, que este último -que aqui encarna a figura imponente do escravo Mede- foi um pugilista de classe internacional, pois sagrou-se, embora de maneira efémera, campeão do mundo de boxe, na categoria dos pesados. A sua fama advém-lhe, porém, do facto de ele, Ken Norton, ter vencido (em 1973) Cassius Clay (aliás Muhammad Ali), num combate que, obviamente, se tornou histórico. (O DVD mostrado acima pertence a uma edição espanhola, que tem legendas em língua portuguesa).

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