sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS

LARANJEIRA

São as laranjas brasas que mostram sobre os ramos
as suas cores vivas,
ou rostos que assomam
entre as verdes cortinas dos palanquins ?

São os ramos que se balouçam, ou formas delicadas
por cujo amor sofro o que sofro ?

Vejo a laranjeira que nos mostra os seus frutos :
parecem lágrimas coloridas de vermelho
pelos tormentos do amor.

Estão congeladas, mas, se fundissem, seriam vinho.
Mãos mágicas moldaram a terra para as formar.
São como bolas de cornalina em ramos de topázio,
e na mão de Zéfiro há martelos para as golpear.

Umas vezes beijamos os frutos
outras cheiramos o seu olor,
e assim são alternadamente
rosto de donzelas ou pomos de perfume.

Ibn Sare

** Ibn Sare, viveu no Al-Andaluz no século XII. Nasceu em Santarém em ano desconhecido e faleceu em 1 123, antes, pois, da fundação do Reino de Portugal. Este poema foi transcrito do magnífico livro «Portugal na Espanha Árabe», da autoria de António Borges Coelho **

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