quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS


DE AÇUCENAS E ROSAS MISTURADAS

De açucenas e rosas misturadas
não se adornam as vossas faces belas,
nem as formosas tranças são daquelas
que dos raios do sol foram forjadas.

As meninas dos olhos delicadas,
verde, preto ou azul não brilha nelas;
mas o autor soberano das estrelas
nenhumas fez a elas comparadas.

Ah, Jônia, as açucenas e as rosas,
a cor dos olhos e as tranças d'oiro
podem fazer mil Ninfas melindrosas;

Porém quanto é caduco esse tesoiro:
vós, sobre a sorte toda das formosas,
inda ostentais na sábia frente o loiro!

** Alvarenga Peixoto (1742-1792), poeta luso-brasileiro, natural do Rio de Janeiro. Estudou na sua cidade natal e em Coimbra (onde se formou em Direito). Exerceu vários cargos oficiais na administração pública, tanto em Portugal como no Brasil. Deixou uma importante função política em Minas Gerais, para centrar a sua actividade na lavoura e na mineração. Casou com a poetisa Bárbara da Silveira e foi amigo de muitos intelectuais do seu tempo, com ideias libertárias ligadas ao Iluminismo. Comprometeu-se com a Inconfidência Mineira, brutalmente reprimida pelas autoridades coloniais. Esteve preso na ilha das Cobras, antes de ser desterrado para Angola. Morreu, com apenas 50 anos de idade, em África (Ambaca), no dia 27 de Agosto de 1792. Inácio José de Alvarenga Peixoto cultivou, nos seu poemas -conotados com o Arcadismo brasileiro- o tema do amor **

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