sábado, 29 de julho de 2017

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (65)

Esta foto mostra-nos um momento em que Augusto Pinochet (general fascista, que, pela força das armas, tomou, em 1973, o poder no Chile) saúda calorosamente o secretário de estado norte-americano Henry Kissinger. Que, com a CIA, foi um dos promotores da Operação Condor, que tantos crimes ignóbeis (assassínios, raptos, torturas, desaparecimentos) perpetrou e consentiu na América do Sul. Mas a acção nefasta de Kissinger (que foi conselheiro de vários presidentes dos EUA) também se estendeu a outras regiões do mundo, como, por exemplo ao Camboja e à Insulíndia; onde (nesta última) foi acusado de ter dado luz verde à invasão de Timor Leste pelas tropas da Indonésia. Ainda sobre a Operação Condor (que selou a aliança dos 'states' com a ultra-reacção sul-americana), refira-se que Kissinger, esse especialista do jogo do pau-de-dois-bicos, disse um dia a um ministro argentino : «se há coisas que precisam ser feitas, vocês devem fazê-las rapidamente». Numa alusão clara à repressão feroz e à eliminação física daqueles que se levantavam contra a ditadura. Esta triste figura da História contemporânea teve o descaro de aceitar (em 1973) o Prémio Nobel da Paz, por ter 'conseguido' um acordo de cessar-fogo no Vietam. Já o co-premiado indochinês Le Duc Tho, se comportou com honra, recusando o galardão. E toda a gente achou que foi pelo facto de não querer ver o seu nome em tão má companhia. No que respeita o «putchista' Pinochet, convém dizer que esse general traidor reinou no Chile -pelo terror- durante mais de uma década e meia. Até que, em 1990, foi banido do governo e substituído pela democracia. O sanguinolento militar (responsabilizado pela prisão de 80 000 compatriotas, por torturas exercidas em 30 000 outros e pela morte de mais de 3 000 chilenos) ainda esteve preso em Londres, mercê de um mandato de captura internacional; mas foi solto graças à intervenção da sua amiga Margareth Tatcher e recambiado para o seu país. Onde ainda foi acusado de ter desviado (em benefício próprio) 28 milhões de dólares, escondidos em Londres, no banco Riggs. Mais tarde, novas notícias o acusaram de corrupção, por ter enviado para bancos de Hong Kong uma incalculável fortuna em barras de ouro. Morreu, finalmente, sem honra nem proveito, em finais do ano 2006. Só deixando saudades aos seus apaniguados e àqueles que beneficiaram dos crimes que esse energúmeno cometeu contra o seu povo e contra a democracia.

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