quinta-feira, 10 de agosto de 2017

CINE-NOSTALGIA (73)

Parece-me que esta hilariante comédia de produção franco-italo-espanhola nunca chegou a estrear nas salas portuguesas. O que, a confirmar-se, é lamentável, porque «LE CORNIAUD» (como foi intitulado em França) é um modelo acabado de comicidade, que teve um sucesso retumbante por todo o lado onde foi exibido. Vi-o em Rouen (Normandia) no ano da sua estreia (1965), num tempo em que o meu francês ainda era muito rudimentar, e bastas vezes depois (já dominando esse idioma), graças à mágica invenção do vídeo doméstico; tecnologia com a qual, naquele tempo, nem sequer se sonhava. «LE CORNIAUD» foi realizado por Gérard Oury, que, para fazer esta película, se rodeou de excelentes actores, de entre os quais se destacaram Bourvil e Louis de Funès, uma das parelhas cómicas mais extraordinárias do cinema gaulês. Esta fita tem a chancela dos Films Corona, é colorida e tem uma duração de 110 minutos. A história contada é a de um bando organizado de traficantes -dirigida por Léopold Saroyan/de Funès- que arranja um 'trouxa' na pessoa de Antoine Maréchal/Bourvil, para levar para Itália um soberbo Cadillac; espampanante viatura americana na qual foi previamente escondido um valioso tesouro de contrabando constituído por ouro e diamantes. A acção decorre numa zona magnífica da Riviera, onde o tal ingénuo (ao qual faz referência, aliás, o título brasileiro da fita em apreço : «O Trouxa») vai, pensa ele, gozar férias à custa de (como pode ver-se no início da fita) Maréchal e de um banal e providencial acidente de viação. As cenas divertidas sucedem-se em catadupas até ao término da aventura; no qual se descobre que, finalmente, o idiota de serviço não era tão palerma como aparentava ser, nem os espertalhões tão finórios, tão astutos que consigam escapar às malhas da justiça... Este filme é, igualmente, o exemplar confronto entre dois actores de antologia, que cultivavam duas formas bem distintas de humor (nos antípodas uma da outra), mas que se completavam perfeitamente. Como viriam, aliás, a provar -para gáudio dos seus inúmeros fãs- no ano seguinte, num outro antológico sucesso, também ele assinado por Gérard Oury : «A Grande Paródia» («La Grande Vadrouille») mais um sensacional êxito de bilheteira do cinema europeu.

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