domingo, 1 de outubro de 2017

ATÉ SEMPRE AMIGO

Não é meu hábito colocar aqui notícias pessoais. Notícias que me digam directamente respeito ou à minha família. Mas, hoje abrirei uma excepção para falar de um primo falecido ontem, o Zé, por quem eu tinha muita estima. Morreu com 75 anos de idade, depois de muitos meses de sofrimento; sofrimento que feriu, igualmente, os seus familiares mais próximos (mulher, filhos e netos) e também os seus amigos e parentes mais afastados. O Zé foi, até há bem pouco tempo, uma pessoa lúcida e culta com quem dava gozo conversar. Tinha formação universitária e era licenciado -em direito aéreo internacional- por uma prestigiosa universidade do Canadá. Passou o essencial da sua vida profissional a viajar pelo mundo inteiro, pois pertenceu ao pessoal de bordo de uma conhecida companhia de aviação comercial. Onde cumulou, segundo me disse, qualquer coisa como 13 000 horas de voo. O que é obra ! E, graças a isso, esteve em perto de uma centena países. Nos mais longínquos como, por exemplo, A China, o Japão e a Austrália, ou nos mais exóticos, como o Irão ou a Jordânia. E eu, que visitei pouco mais 20 territórios estrangeiros, babava-me de pasmo (e de inveja), quando ele me falava dos seus périplos através dos 5 continentes... O Zé (casado com uma minha prima direita) era, pois, uma pessoa com quem eu gostava de conversar, porque nessas amigáveis discussões, os temas nunca eram destituídos de interesse. Outra das suas paixões era uma modalidade de bilhar que eu, ele e o Luís (outro meu estimado primo por aliança) praticávamos em minha casa ou noutro qualquer lugar, assim que a ocasião se apresentava. Sim, o Zé era um tipo fixe, um gajo porreiro, que uma doença inexplicável (para mim) acometeu e levou prematuramente. Porque aos 75 anos de idade, certas pessoas ainda têm muito para dar. Sobretudo à família e aos amigos. Estou triste e constrangido por ter de o acompanhar, hoje, à sua derradeira morada. Até ao cemitério esconso de uma quase anónima aldeia do Alentejo profundo, onde ele tinha as suas raízes familiares; apesar de ter nascido em Lisboa... Ontem, não tive coragem para olhar os seus despojos; que eram os de um homem diminuído pela doença e que (diz quem viu) nada tinham a ver com o mocetão que ele fora. Perdoa a minha a minha cobardia Zé, a minha ausência no velório; mas eu quero guardar de ti uma imagem positiva, mais em conformidade com a pessoa que eu conheci nos bons velhos tempos. Até sempre Zé.

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